Asas da memória

Acordo sempre cedo e logo penso em ti:
há tanta distância dos tempos d’outrora!
Lembranças longínquas que não esqueci
volúpia e sonho... hosana e glória.


A memória que, ufana, guarda o passado,
e que, em todo o minuto está presente,
mantém-te vivo, prostrado a meu lado
no mais recôndito da minha mente.


E as minhas solidões, caladas, sofridas,
são gratas lembranças por nós vividas
e que, com estilete, gravaram saudade.


E, deste jeito, me tornei escrava
duma constante recordação, férrea e brava,
que acorrentou... minha velhice à mocidade.

                         Aveiro, 1994

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