Hipótese

Aprendi
(há quanto tempo,
Deus meu!)
um capricho da Matemática.


Uma hipótese
é uma coisa
que não é
mas que a gente
diz que é
para ver
o que seria
se fosse...

 


Sonho. Sonho hipoteticamente
uma vida de pura ilusão.
Estou ligada a ti constantemente
e sou tua sombra — com precisão.


Vivo a vida nesta embriaguez.
Corro, ando contigo, noite e dia;
não te abandono, nem tu me vês;
sou tua sombra, teu corpo me guia.


Se é manhã, há luz, há claridade.
E eu, sombra, alongo-me, perdida.
Vou rastejando (por minha vontade).
E, deste jeito, sigo a tua vida.


Ao meio-dia, força e calor.
Não há sombra — a teu corpo me alio.
E, assim, se unem, num grande amor,
teu corpo quente e... meu desafio.


Avança o dia... é sol-poente;
e teu corpo vivo mais se alonga;
caminhas sempre, sempre em frente;
sigo atrás de ti... sou a tua sombra.


Cedo despertou por ti meu amor;
Sol a pino!... cresceu minha afeição.
Tua sombra e teu corpo (com ardor),
fundem-se numa só doce união.


Esta a «hipótese» da minha vida.
Rebuçado de sabor agridoce.
Hipótese de vida jamais vivida!
Que seria se... na verdade fosse?!

                        Aveiro,1995

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