Acesso ao espaço «Aveiro e Cultura».

 

Encontro-convívio
10 de Junho de 2011

 

Acerca do Livro Cacienses por terras de Além-mar

 

Sr. Presidente da CMA;

Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Cacia;

Amigos Cacienses aqui presentes.

Hoje, dia 10 de Junho de 2011, celebra-se o Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas[1]. À semelhança do que aqui nos levou a juntar-nos, evocam-se também em Lisboa todos aqueles que, durante vários anos, foram obrigados, pela força das circunstâncias, a conhecerem outros sois mais quentes e distantes do que aquele que nos ilumina e aquece no dia-a-dia. Importa acrescentar que são também evocados aqueles que nessas paragens encontraram o fim de uma vida que deveria ter sido longa, não fora a situação então vivida pelo nosso País.

Em Fevereiro de 1961, despoletaram-se em terras africanas acontecimentos que obrigaram várias gerações de portugueses a conhecer novos mundos.

Em Abril de 1974, outros factos estiveram na origem de um abandono precipitado e inglório, alguns meses depois, de territórios que ficaram entregues à sorte do destino e onde muitos daqueles com quem convivemos terão sido eliminados por uma guerra civil, que se arrastou por algumas décadas.

Em 2007, faz agora 4 anos, começaram os ex-combatentes de Cacia a reunir-se anualmente, não apenas para evocarem esses tempos, mas, sobretudo, para um dia de saudável convívio.

Em Janeiro de 2010, foram lançadas as primeiras sementes que dariam origem à publicação hoje apresentada. De facto, no dia 28 de Janeiro desse ano, o amigo Mário Silva entrava na Biblioteca da Secundária José Estêvão, acompanhado pelo Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Cacia, o amigo Casimiro Simões Calafate, para nos proporem a realização da presente publicação, o livro «Cacienses por Terras de Além-Mar».

Após alguns meses de algumas preocupações e trabalho, o livro surgiu. Surgiu com ele uma homenagem, não apenas aos cacienses, mas a todos os portugueses que, durante séculos a fio, contribuíram para a descoberta de novos mundos e, posteriormente, a todos quantos foram obrigados, por força dos acontecimentos, a dar dois anos da sua existência para a conservação desses territórios, desafiando vontades alheias que, frequentemente, se faziam ouvir através de todos os meios de comunicação, procurando guerrear-nos através das palavras.

Se tiverem a curiosidade de observar a estrutura do livro, verificarão que três quartos da publicação dizem respeito aos cacienses. Mas as primeiras 130 páginas abordam outros conteúdos. Apresentadas, nas três primeiras, a génese deste trabalho, o que é que as restantes cento e vinte e sete nos apresentam?

O segundo texto, intitulado «Por Terras de Além-Mar», faz-nos uma breve evocação do que foi a nossa passagem por terras africanas, relatando-nos alguns episódios que, se não foram rigorosamente iguais aos vividos por todos nós, apresentam muitas semelhanças com as experiências de vida por que tivemos de passar. Depois dessas quarenta páginas de evocação, esta publicação, utilizando o valioso espólio partilhado por muitos no espaço «Aveiro e Cultura», oferece-nos uma colecção de imagens de inúmeros locais por onde os portugueses passaram, bem como uma ficha técnica relativa a todos os meios que foram sendo utilizados para nos transportarem entre a metrópole e os muitos territórios que faziam parte do espaço português e onde, ainda hoje, se mantém a língua lusa. Olhando para essas vinte fichas, poderemos tirar uma conclusão que será, agora, talvez, uma triste consolação: ao contrário do momento actual, éramos detentores de uma vasta frota mercante, que não ficava muito aquém da de outros países mais ricos do que nós.

Para que a nossa homenagem a todos quantos combateram em terras de além-mar não ficasse cingida aos 228 cacienses registados, antes se estendesse simbolicamente a todos os portugueses que passaram por idênticas situações, homenageámo-los reproduzindo a listagem de todos aqueles que, até à data da criação deste livro, partilharam o seu espólio fotográfico com toda a comunidade.

Se alguns cacienses ficaram sem ver o seu nome neste registo, isso deve-se apenas a circunstâncias diversas que nos ultrapassam. Todavia, para eliminar este óbice e para que, em qualquer momento, ele possa ser completado pelos seus possuidores, existem 5 ou 6 páginas em branco, após o índice de conteúdos, destinado precisamente a registos pessoais. Nelas poderemos acrescentar outros nomes ou, simplesmente, anotar recordações relativas a episódios vividos durante os nossos dois anos de férias forçadas em terras de além-mar.

E eis aqui, de maneira breve, a estrutura da obra que registará para a posteridade os vossos nomes.

Antes de terminarmos, não podemos deixar de aqui expressar o agradecimento a todos quantos permitiram a concretização deste livro e ajudaram na sua revisão e, muito especialmente, à Junta de Freguesia de Cacia e àqueles que, pacientemente, foram tendo, ao longo de vários meses, o trabalho de compilar os registos relativos a cada caciense.

Obrigado pela vossa atenção e os nossos votos de boas leituras, de melhores recordações e, sobretudo, de muitos anos à nossa frente, para podermos continuar a encontrar-nos em Cacia nestes convívios anuais.

Aveiro, 10 de Junho de 2011

Henrique J. C. de Oliveira

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[1]  - Em 2011, o Dia das Comunidades adquire particular relevo em Castelo Branco. Todavia, é em Lisboa, junto ao monumento construído para o efeito, que se evocam todos os combatentes portugueses da Guerra do Ultramar, cujo programa foi atempadamente divulgado através dos modernos meios de comunicação, incluindo o mais generalizado nestes últimos tempos, como é o caso do correio electrónico.

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