GLÓRIA: NINHO DOS MEUS AFECTOS
Celebramos, este ano, o 175.º aniversário do
nascimento da instituição JUNTA DE FREGUESIA DA GLÓRIA.
Nasci no seu território, numa reentrância da hoje
denominada rua do Infante D. Henrique, um beco ou praceta, sei lá?!.
Só soube há dias que lhe chamavam também "Pátio das Cantigas". Um
pátio bordejado de casas térreas, moradas de gente humilde, mas
muito honrada. Hoje já nada desse pátio resta. Tudo o que o formava
foi deitado abaixo. Esconde esse espaço um anódino tapume à espera
de que prédio altaneiro preencha o chão da casinha térrea que me viu
nascer há setenta e dois anos.
E quanto mudou neste meu percurso de vida na minha
freguesia! Quando começo a ensaiar um olhar retrospectivo, à tona da
maré das recordações, logo me surge a forma como soube qual era o
verdadeiro nome da minha freguesia. Foi preciso chegar aos meus 20
anos para ficar a conhecer que a Freguesia da Glória se chamava
Freguesia da Nossa Senhora da Glória. Foi o mestre de Direito
Constitucional, Professor Carlos Moreira, que Deus tem, logo no
início do meu primeiro exame oral de estudante-trabalhador na
Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, que me deixou
embaraçado ao dizer que eu não tinha preenchido correctamente o
cabeçalho da prova escrita: que Glória não era o nome todo da minha
freguesia. O nome todo era o de Nossa Senhora da Glória e tinha sido
assim criado para calar os fregueses católicos que não tinham ficado
nada satisfeitos com a reforma administrativa que tinha eliminado as
freguesias aveirenses de S. Miguel e do Espírito Santo. O que é
facto é que as respectivas igrejas foram destruídas para dar lugar a
duas praças: o largo onde está a estátua do tribuno José Estêvão e o
largo das Cinco Bicas. Ficou no uso o nome de Glória, que era o que
o legislador verdadeiramente queria: Glória, do nome da rainha Dona
(Maria da) Glória que terá sido complacente com a destruição
daqueles templos. O meu exame de Direito Constitucional ficou-se
quase e tão só por esta pequena-grande lição de História.
Das vivências que perduram na minha memória, fica-me
o ter murado na rua Gustavo Ferreira Pinto Basto, na casa da minha
avó Joaninha. O meu pai Manuel, marinheiro, mobilizado para a Armada
quando da segunda Grande Guerra, tinha ido com a minha mãe para
Lisboa. Eu fiquei cá. E foi naquela rua que eu construí a mais
sólida amizade da minha vida: ao lado da casa da minha avó morava o
casal ALA DOS REIS, que tinha só um filho: o André. Eram
descendentes do Dr. André dos Reis, presidente da primeira Comissão
Administrativa da Câmara Municipal de Aveiro, após a implantação da
República.
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Eu tinha 4 anos e perder-me e achar-me era em casa do
Andrezinho, assim o chamava. Éramos mais unidos que irmãos. Ele era
mais velho uns dois anos. Sabia muito. Tinha livros. Desenhava muito
bem. Conviver com ele era estar numa aula permanente. Com ele
aprendi a ser aquilo que sou. Tenho pena que Aveiro já não o
conheça. Foi o melhor aluno dos liceus de Portugal quando fez o seu
7.º ano; tirou média geral de 19, o que, para a época, foi
verdadeiramente excepcional. Foi para Coimbra frequentar Germânicas.
O professor Paulo Quintela convidou-o para seu assistente. Mas
adoeceu gravemente quando estava a preparar, na Alemanha, a sua tese
sobre Thomas Mann. Veio a morrer aos trinta e três anos. Deixou
poesia, alguma da qual veio a ser editada pela Associação dos
Antigos Alunos da Escola Primária da Glória, associação altamente
meritória que ajudei a formar. Julgava que ele não tinha ultimado a
sua tese. Mas enganei-me. Há meses, alguém me ofereceu um seu
exemplar. Ando a lê-la como quem reza. Felizmente que o que restou
da sua biblioteca foi doado à Universidade de Aveiro. Vale, em abono
da sua memória, o registo que o Dr. Henrique J. C. de Oliveira
garantiu no "sítio virtual" de AVEIRO E CULTURA, que criou e
desveladamente vai diariamente nutrindo para nossa riqueza
espiritual.
Dessa Rua de Gustavo Ferreira Pinto Basto guardo
memórias que definem vida.
Ir "tomar conta" da minha tia Conceição, quando ela
ia aos bailes do Recreio Artístico, mesmo em frente à nossa casa.
Ainda me parece estar a ouvir as músicas tocadas pelos conjuntos
"Aloma" e "Ibéria" e que eram deleite para a minha sensibilidade de
menino.
E aos domingos, criança, pôr-me à porta do Teatro
Aveirense, nas matinés das sessões de cinema, para arranjar a boleia
de alguém tolerante que me levasse pela mão até lá dentro. O que
importava era ultrapassar a barreira do porteiro.
E as minhas escapadelas até casa da minha tia
Lizette, pela travessa do Recreio Artístico e descendo a ladeira do
Alboi no triciclo que o meu pai me tinha trazido de Nova Iorque,
lindo que despertava inveja, apesar de ter sido resgatado do lixo.
Lembro a noite tenebrosa do incêndio do Governo
Civil. Por detrás da casa do Sr. Egas Salgueiro via-se o clarão
avermelhado provocado pelas chamas que estavam a devorar o edifício
e cujas cinzas tudo cobriam. Passei boa parte da noite, à porta de
casa, sentado num mocho, agarrado à saia da minha avó Joaninha,
cheio de medo, a ver o horroroso espectáculo. E durante a guerra, a
segunda mundial, os cuidados com que se ouvia a BBC numa telefonia
de válvulas que o meu tio Coríntio tinha construído. Julgo que para
não sermos descobertos, sempre que se sintonizava aquela emissora de
liberdade, púnhamo-nos debaixo de um cobertor de lã. Os vidros das
janelas tinham coladas uma tiras de papel gomado para prevenir as
consequências de possíveis deflagrações.
Uma das coisas que mais me impressionou foi ver
desfilar garbosamente,
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pela rua de Gustavo Ferreira Pinto Basto, o Corpo Expedicionário de
Infantaria 10 que regressava dos Açores, quando a Guerra terminou.
Lá vinha o meu tio Alpoim, irmão de minha mãe e meu padrinho de
baptismo. Quando o vimos, todos chorámos de alegria.
Quando tinha 5 anos, o André foi para a Escola
Primária da Glória, para a primeira classe da Dona Virgínia. Não
descansei enquanto a minha avó não foi pedir a esta professora para
me deixar assistir às suas lições, de forma a não perder o convívio
com o meu amigo.
Entretanto, a minha avó mudou de casa. E eu lá fui
com ela até ao n.º 53 da Rua de Ílhavo, hoje Rua de Mário
Sacramento, mesmo em frente ao Posto da Polícia de Viação e
Trânsito, cujos agentes, dizia o meu Pai, tinham uma farda "à
americana".
Nunca deixei de frequentar a casa do meu amigo André.
Continuei a ir lá lanchar, muitas vezes almoçar. Nunca perdi o
convívio com os seus pais, que eram muito meus amigos. E a amizade
com o André, que era muito forte, foi-se robustecendo com os anos.
Mas a mudança de morada abriu-me novos horizontes.
Viver na Fonte dos Amores era viver quase no campo.
Foi aí, no sítio onde a fonte já lá não está, que eu
passei parte da minha meninice e da minha adolescência; exactamente
na Fonte dos Amores, no lado esquerdo do princípio daquela Rua de
Ílhavo. Uma pequena fonte que, hoje, se esconde no final da Avenida
de Araújo e Silva, quase que envergonhada do seu passado, no começo
de um caminho mal amanhado que dá acesso a uns campos de ténis do
nosso parque municipal. O resquício da que presidia ao largo
verdejante onde ela, a fonte, foi rainha, não só do espaço a que
dava o nome, mas de todos nós, os seus frequentadores.
Desses tempos, já lá vão seis décadas e meia bem
medidas, resta parte das casinhas, quase todas térreas, na que foi a
viela da Fonte dos Amores. A placa toponímica ainda lá está, na casa
da esquina com a travessa do mesmo nome. Eu morei no primeiro andar
dum prédio que foi destruído, não há muitos anos, certamente por
interesses imobiliários. No vazio do que foi um pequeno quarteirão
de casas de habitação e de dois pequenos estabelecimentos: uma
oficina de reparação de bicicletas, a do senhor Adriano, que ficava
mesmo por debaixo da casa da minha avó Joaninha, a senhora Joaninha
do Gaspar, como lhe chamava tão carinhosamente a vizinhança; e
outro, uma mercearia/taberna, separada esta daquela só por
precaríssima vedação de madeira para satisfazer exigência legal
então em vigor, e onde todo o bairro se abastecia. O prédio que
albergava este último estabelecimento manteve-se durante mais uns
anos. No vértice do triângulo que era definido pelo princípio da Rua
de Ílhavo e pelo fim da Avenida Araújo e Silva, ficava o bonito
posto da Polícia de Viação e Trânsito, com o seu amarelo-torrado a
presidir a um jardim que os seus agentes, sempre garbosamente
fardados, sabiam manter com um carinho inexcedível. Nos meus seis
anitos de vida, que os tinha quando para ali fui morar, ido
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da casa da Rua Gustavo Ferreira Pinto Basto, ainda não havia a
enorme balança, construída mais tarde e onde eram pesadas as
camionetas que os agentes desconfiavam exceder a carga autorizada
por lei. Nunca esqueci as caras transidas de medo dos condutores dos
veículos, quando eram mandados avançar para cima do grande estrado
de ferro da balança. Os miúdos do bairro, eu também, eram preciosos
auxiliares dos polícias nas manobras de medição das alturas das
cargas, que também tinham limites impostos por lei. Quando foi
construída a báscula instalada no vazio de enorme buraco, foi aberta
uma curta estrada a ligar a Rua de Ílhavo à Avenida Araújo e Silva,
deixando bem visível o grande portão de ferro do quintal do senhor
Zé Pinto da Farmácia. A Rua de Ílhavo já tinha um piso consistente;
mas ao da Avenida bastava uma pequena chuvada para o converter num
mar de lama. A avenida tinha sido aberta não há muito tempo, pois
que dos passeios, que ainda hoje lá estão, só existia o esboço com
uns paus especados ao alto, aos quais se arrimavam os raquíticos
arbustos, que os anos transformaram em árvores. Quem ia do Jardim do
Infante D. Pedro, do lado direito, era quase tudo limitado pelo alto
muro da quinta do Genrinho. Do lado oposto, eram vários os muros e
de diferentes alturas, correspondendo cada naco ao seu quintal.
Quando íamos da Escola Primária da Glória, (não esta
que lá está agora, mas as outras, a masculina com o edifício da
Primeira República e a outra, a das meninas, mais envergonhada na
sua construção, quase pespegada à Igreja das Carmelitas), sempre em
bando, antes mesmo de irmos cada um para sua casa, tínhamos paragem
obrigatória na relva do largo da Fonte dos Amores. Descalços, pois
que os sapatos, alpergatas ou botas já vinham ao ombro pelas atacas,
lá brincávamos o tempo justo para que ninguém estranhasse demoras,
que só viriam a comprometer o outro recreio, esse, mais longo,
depois de feitas as obrigações de casa.
Aquele espaço, em parte hoje ocupado pelas traseiras
do edifício onde actualmente se situa o restaurante "Ceboleiro", era
verdadeiramente um espaço mágico, o autêntico centro das nossas
vidas de crianças. Da Rua de Ílhavo acedíamos à relva de corar a
roupa por uns degraus que interceptavam o muro que definia o lado
poente do rectângulo. Pelo sul, havia o riacho que vinha, pelos
quintais fora, dos lados do cemitério e seguia, por debaixo da Rua
de Ílhavo, até à quinta do Genrinho, sendo-nos garantido, de ciência
certa, pelos adultos do bairro, que ele ia, por ínvios caminhos,
desaguar ao lago do Parque. Do lado nascente, lá estava a nossa
Fonte dos Amores, encostada ao muro encimado de ameias e com as
armas do Duque de Aveiro nele embutidas, separando-a do quintal onde
se situava a casa dos pais do meu bom amigo José Júlio, hoje um dos
gerentes da Casa Espanhola, da Rua Direita: o senhor João Gualter
Dias, o sapateiro do sítio, casado com a senhora Maria Lourenço, uma
das três lavadeiras profissionais dos tanques anexos. Foram estes os
pais de prole numerosa: do Amílcar, do Jonas, da Violeta, da
Verídica, do António e, claro, do José Júlio. Perfazendo o outro
lado do recinto, para sul, ficava a casa da senhora Constância, mãe
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da senhora Armanda Caçola e da senhora Carolina, esta casada que foi
com o senhor Pinheiro, barbeiro do Seminário e de quase toda a gente
do bairro.
A dona Carolina, mãe do meu amigo Fernando Pinheiro,
também era lavadeira profissional nos tanques da Fonte dos Amores,
autêntica lavandaria de então desta cidade de Aveiro. Completando o
trio das profissionais, havia ainda a senhora Maria dos Lençóis,
sogra do ti Damásio e mãe da Maria Helena e da Marília. Tudo isto
sem esquecer o ti Norberto da Concertina, pai do músico José Vieira
Rodrigues, meu velho colega da escola primária, que toda a gente
conhecia e continua, felizmente, a conhecer por Fagote da Banda
Amizade. E o senhor Neiva, pai da Odete, do Carlos e da Joaninha, já
falecidos, e da Mininha e da Marília que se veio, posteriormente, a
casar com o grande artista aveirense, o barrista e pintor cerâmico
Zé Augusto. Vizinha da minha avó Joaninha, vivia, paredes-meias, a
senhora Blandina, casada com o primeiro-sargento Agenor. Do lado de
lá da Travessa da Fonte dos Amores, ficava a casa da senhora
Miquinhas do Bagão, este também sargento no Regimento de Infantaria
10, ambos pais dos meus amigos Amílcar e Carlos Bagão. E, mesmo ao
lado, morava a senhora Amandina, casada com o senhor Tobias, que
andava ao mar, no bacalhau, à semelhança do meu pai Manuel.
A relva onde se corava a roupa de meio Aveiro era
também o nosso recreio. Era lá que se jogava "à bandeira", à
"macaca", à "mona" e ao "pião", à "malha", ao "berlinde", à
"uma-lá-uma", às escondidas, aos "índios e cowboys", atirando
flechas de varetas de guarda-chuva, onde se corria ao "arco" com
rodas de bicicleta, sem aros, que se compravam no senhor Raul das
Cinco Bicas e com carros feitos de caixotes de madeira. Era lá que
se trocavam os "bichos" e os “jogadores" da colecção. Era lá que se
combinavam as "penhoras" das frutas mais apetitosas dos quintais
alheios. Era lá que, de vez em quando, se rachava uma cabeça. Era lá
que surgiam os motivos fortes, para largarmos à desfilada até às
nossas casas, lavados em lágrimas, que de pronto ficavam secas por
conta de adequada reprimenda. Era para lá que fugíamos quando éramos
apanhados a fazer alguma das nossas pelo fiscal da Câmara, o senhor
Evaristo. E continuava a ser o nosso refúgio sempre que o senhor
Adriano, guarda do Parque, nos surpreendia a cortar uma
cana-da-índia para fazer uma "pesca" para o Poço de Santiago. Este
percurso, que em si mesmo já era uma aventura, facultava-nos, nas
alturas próprias do ano, a apanha das folhas de amoreira para os
bichos-da-seda, que criávamos em caixas de cartão que íamos pedir às
sapatarias. Era lá que nos juntávamos, quando íamos buscar um jarro
de água, ou quando íamos buscar leite à vacaria do doutor Pompeu
Cardoso, na Rua das Pombas, e que o senhor Carlos, responsável pelos
animais, (e que tinha tanto de bom como de alto e forte), nos dava a
provar, fazendo com que o leite saísse de jacto, quente, direitinho,
do úbere da vaca para a nossa boca, aberta a preceito. A casa do
dentista, Dr. Pompeu Cardoso, era o edifício que hoje alberga a
Junta de Freguesia da Glória. Era por lá que eu
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parava um pouco a caminho da casa do senhor Vieira, grande lavrador
que vivia já quase fora de portas, no meio dos campos de Santiago,
numa linda vivenda, onde vim a descobrir um violão saído das mãos de
artista do meu avô materno, António Gaspar, melómano, amigo do
saudoso fundador das Faianças dos Santos Mártires e da Fonte Nova, o
senhor João Aleluia que, para além de brilhante empreendedor
industrial, foi talentoso pintor cerâmico.
A fonte dos meus amores não é mesmo só a FONTE DOS
AMORES que acabo de recordar. É Aveiro toda, esta minha terra feita
de água, este meu espaço que vai pelo Atlântico fora e que não me
cria barreiras aos ventos, que ora sabem à maresia dos cagaréus, ora
cheiram a fragrâncias de campos dos ceboleiros estirados até às
serranias já lá por lonjuras de levante. É Aveiro toda, na saudade
que corrói, quando evoco tempos da minha meninice e da minha
juventude, na saudade que amarfanha, quando me afasto mais do que
vê-la me consente. É a Aveiro, que D. João Evangelista de Lima Vidal
agarrou na sua prosa tão cheia de poesia e converteu em orações, que
me habituei a murmurar, em fim de dia, principalmente quando dela me
ausento; é a Aveiro que Almada Negreiros tão bem soube pintar com a
sua palavra de pincelada fluida e a quem me arrimo sempre que sinto
desejos de relembrar as marinhas de sal, que já quase não temos, ou
as tricanas donairosas, cujo traje se transformou em peça de museu;
é a Aveiro de Ramalho Ortigão, sem ter que importar dunas da
Holanda; é a Aveiro de Rocha e Cunha, que encontrou tempo na sua
faina de capitão de porto para justificar a viabilidade económica da
nossa barra; é a Aveiro de Raul Brandão, onde redescubro os
pescadores da minha família; é a Aveiro de Monsenhor João Gaspar a
fazer de Joana cada vez mais princesa, cada vez mais santa; é a
Aveiro de Alberto Souto com o seu bairrismo de fronteira aberta e
larga; é a Aveiro de Pedro largo, de João Sarabando, de Mário
Sacramento, de José Pereira Tavares, de Álvaro Sampaio, de Ferreira
Neves, de Cecília Sacramento, de Rocha e Cunha (filho), de André Ala
dos Reis, de Vale Guimarães, de Frederico de Moura, de David Cristo,
de Vasco Branco; é a Aveiro de Manuel Tavares, de Guerra de Abreu,
de Cândido Teles, de Lauro Corado; é a Aveiro de todos com quem me
cruzo nas nossas ruas e a quem digo bom dia. Enfim: a fonte dos meus
amores é esta Aveiro que me deu o ser e me foi moldando até aos dias
de hoje.
E nunca nos esqueçamos de que a nossa Freguesia da
Glória é mesmo a Vila Velha de Aveiro, em cujo chão quero ser
envolvido quando Deus me quiser levar.
Gaspar Albino
Aveiro, 7 de Outubro de 2010
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