ANAFRE
Freguesia da Glória, a citadina senhora em festa
Acedi, gostosamente, ao honroso convite que o Sr.
Fernando Marques, Presidente da Junta de Freguesia da Glória, me
dirigiu para escrever na qualidade de Presidente da ANAFRE, algumas
palavras por ocasião do 175.º Aniversário desta importante Freguesia
do Concelho.
À satisfação institucional, junta-se a pessoal, não
só pela estima pelos eleitos e cidadãos desta progressiva
comunidade, mas também pela coincidência da Glória ser a minha
Freguesia Natal. Nela nasci, há já algumas dezenas de anos. Refiro-o
com natural orgulho, embora, não me levem a mal, Oliveirinha seja a
Freguesia do coração.
Comemorar 175 anos de existência, é excelente
oportunidade para revisitar o caminho percorrido, tarefa de que se
incumbirão – é minha convicção – os excelentes especialistas em
historiografia de que Aveiro dispõe.
Foi após a Revolução Liberal de 1820 e por influência
da Constituição Portuguesa de 1822 que a divisão administrativa do
território se organiza em distritos, concelhos e freguesias,
passando estas a ser administradas pelas Juntas da Paróquia.
Com a Reforma de Mouzinho da Silveira e pelo Código
Administrativo de 1836, aos "comissários das paróquias”, novos
representantes locais do Estado, foram acometidas funções
administrativas relativas ao estado das pessoas, aos actos da sua
vida civil, ao recenseamento, à administração dos baldios, à gestão
dos cemitérios e à emissão de atestados.
Neste tempo e nesta circunstância se cria a Freguesia
da Glória!
É oportuno referir a importância crescente da
autarquia de proximidade que a Freguesia corporiza, assente no
exercício de competências próprias a que se juntam as competências
delegadas pelo Município e ainda as solicitações dos cidadãos na
satisfação de direitos e necessidades, cuja responsabilidade é do
Governo. A todas, as Juntas de Freguesia, numa permanente atitude
pró-activa e de procura incessante de resolução para os problemas
dos cidadãos, na proverbial exiguidade dos seus recursos, num
exercício de criatividade e disponibilidade permanente dão resposta,
obtendo com esta atitude acrescida legitimidade e reconhecimento.
O conjunto de exigências que se colocam às Juntas de
Freguesia dos nossos dias não é comparável sequer ao período
imediatamente anterior à mudança de regime em 1974. O País
modernizou-se e as Freguesias acompanharam este processo,
/ 37 /
com indesmentíveis vantagens para as respectivas populações.
Se o País está hoje no primeiro lugar do ranking dos
Países da União Europeia na submissão electrónica de declarações de
rendimento (IRS) deve-se, em grande medida, à prestação das
Freguesias.
A rede de postos e estações de correios mantém a
cobertura do Pais em boa parte porque as Freguesias asseguram, já
hoje, a gestão de 700 destas infra-estruturas, num precioso apoio de
proximidade, vital para os mais idosos e para os cidadãos em geral
das comunidades mais afastadas dos grandes centros.
Os cidadãos, vítimas de desemprego, já não necessitam
de gastar os magros proventos que auferem em deslocações para se
apresentarem quinzenalmente, podendo cumprir esta obrigação legal
nos 600 postos a funcionar em outras tantas Freguesias.
As crianças e os doentes, em muitas comunidades do
nosso interior profundo, têm o seu transporte assegurado para a
escola, para o centro de saúde, graças aos meios e dedicação de
excelentes e empenhados autarcas que, com elevado e desinteressado
espírito de missão, os asseguram.
Hoje, estão em funcionamento cerca de 3.200 postos de
Internet em outras tantas Freguesias, facilitando a vida dos
cidadãos e promovendo o contacto com as tecnologias da informação.
Estes são apenas alguns exemplos das muitas tarefas
que as Freguesias desempenham.
Não é por simples acaso que um estudo recente de uma
universidade de referência nacional conclui que a taxa de aprovação
dos Portugueses quanto aos serviços executados pelas Freguesias é de
93,50%.
Nem é coincidência que o mesmo e exaustivo estudo,
desenvolvido em todo o território nacional, tenha constatado que a
relação custo/benefício do trabalho das Freguesias é de 1 para 4,
imbatível por qualquer outro nível da administração pública em
Portugal, confirmando a mais valia incontornável da proximidade.
Estamos no bom caminho, também crescentemente no
apoio social, porventura o maior desafio dos nossos dias e do futuro
próximo.
A Freguesia da Glória é nesta, como noutras matérias,
uma Freguesia exemplar, para satisfação e conforto da sua comunidade
e consciência do dever cumprido dos seus excelentes autarcas.
Em nome da ANAFRE e das Freguesias que representa
aqui deixo os votos de parabéns à Freguesia da Glória, aos seus
autarcas e população, nesta data marcante do seu já longo percurso.
Armando Vieira
Presidente da ANAFRE
|