Encontrei uma pena branca
Num campo preto
E lembrei-me daquela estória:
Era uma vez um menino
Que vivia numa aldeia.
Corria atrás de um cão, seu amigo,
Rolava na neve,
Brincava na areia.
Os seus olhos eram a alegria da família
E o seu corpo a vida da terra.
Via as minhocas debaixo dela,
Os pássaros acima nas árvores
E sua melodia tão bela.
Queria ser luz para o mundo,
Queria ser médico,
Queria dar vida aos outros.
Um dia, o sol fugiu do vilarejo
E, numa hora, num segundo apenas,
Apareceu uma estrela cadente.
O menino pediu um desejo:
Poder viver sempre.
Não era uma estrela cadente…
Perdeu a sua luz o menino,
Não foi mais vida,
Nem criança foi, quanto mais vida!
Foi para o além divino,
Tornou-se anjo ou arcanjo,
Mas não médico, não homem.
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Era uma vez…
Só uma?
Já foi mais do que uma vez.
Mil vezes caíram estrelas do céu,
Milhões de vezes nasceram
Novas estrelas no céu.
Porquê? Porquê?!
Só quero saber porquê!
Foi pulverizado,
Varrido como lixo
Ou formiga insignificante,
Só faltava ser carne para canhão.
Oremos por ele? Não,
Não oremos por estrelas.
Oremos
por luzes no mundo.
Oremos pelos vivos,
Pois ainda se podem salvar.
Oremos por quem deve ainda brilhar.
Uma pena branca
Num campo preto.
Amanhã, pomba branca
Num campo cinzento.
Um dia, amor, segurança
E desarmamento.
Gabriel Leitão (12.º
C)
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