Parte da Albufeira do Castêlo, contando barragens e dique

A formosa e rica região de Vale de Cambra alimenta uma actividade agrícola e pecuária que a torna um dos mais importantes centros produtores de lacticínios do País.

Atendendo ao manifestado interesse dos lavradores de Burgães, autorizara o governo, antes de 1935, a reconstrução e prolongamento dum velho canal por onde corria a água derivada do Rio Caima, e a construção doutro a montante, bem como as obras de adaptação ao regadio das terras beneficiadas por esses canais. Pensava, assim, o Estado, assegurar a lima de inverno dos prados de Burgães em toda a área dominada, e a rega de verão na servida pelo sistema de canais.

Sabendo o valor da rega, os agricultores de Burgães insistiam pela construção de uma barragem que lhes desse água suficiente para assegurar a rega de verão em toda a área já cultivada e na dos terrenos incultos ou ocupados por pinhal e mato que fossem arroteados posteriormente. O desenvolvimento da cultura agrícola, milho, feijão e batata, aumentaria a riqueza local A criação de novos lameiros traria à pecuária de Burgães um largo benefício logo reflectido nas indústrias subsidiadas. Acresceria esse benefício a fragmentação da propriedade, a larga prática da rega e o apuro da cultura. O trabalho traria, ainda, um aumento de emprego da mão de obra local.

Aprovado em 1935, por Sua Ex.ª o Sr. Ministro das Obras Públicas, Sr. engenheiro Duarte Pacheco, o projecto da rega dos campos de Burgães (Barragem do Castêlo e dique misto da Albufeira), elaborado pela Junta Autónoma das Obras de Hidráulica Agrícola, foi incluído no grande Plano de Estudos e Obras de Hidráulica Agrícola mandado formular em 1937 por S. Ex.ª o Sr. Presidente do Conselho, Sr. Dr. Oliveira Salazar e que a Câmara Corporativa aprovou e louvou.

Visava o projecto a criação de uma albufeira no rio Caima para construção de uma barragem de perfil de gravidade, em alvenaria hidráulica, com cerca de 24 metros de altura, e de um dique misto tapando uma portela na margem esquerda da albufeira. Esta conteria a água bastante para, através dos canais, regar de inverno e verão toda a área por eles dominada.

As obras da albufeira do Castêlo foram iniciadas em Agosto de 1936 e estavam concluídas em 31 de Dezembro de 1942.

Já nesse ano a água da albufeira regou durante o verão toda a área actualmente cultivada e dominada pelos dois canais. Vai aumentar a área dos prados de verão. A beneficiação realizada deve traduzir-se num aumento de produção que subirá de 407.250$00, para 1.945.750$00. Aumentará o rendimento líquido de 162.900$00 para 612.262$50. Pagos todos os encargos, como taxa de rega e beneficiação, taxa de exploração e conservação, contribuições, etc., quando os 168 hectares de terras regáveis estiverem definitivamente entregues à cultura, verificar-se-ão os seguintes aumentos: do rendimento líquido da exploração 479.362$50. E do lucro da exploração 231.246$97.

Conjunto da barragem e diqueA Barragem do Castêlo, que em gravura aqui se dá, criadora da albufeira para rega dos campos de Burgães e de Vale de Cambra e produção de energia eléctrica, mais tarde, é um vivo e activo testemunho da acção da Junta Autónoma das Obras de Hidráulica Agrícola em cumprimento da Ordem do Governo de Salazar.

Escusamos de encarecer os altos benefícios para a economia agrícola da região, que virão a resultar desta importante obra hidráulica realizada em Vale de Cambra.
 

 

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