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4ª Série - Número 3 - Dezembro de 2000 - pp. 62-66

Maria Luísa Moutinho dos Santos Catarino

Eu aguardei este momento porque penso que talvez esteja na situação de poder fazer algumas pontes das histórias que ouvi contar.

Fui aluna no Liceu Nacional de Aveiro, na actual Escola Homem Cristo, depois fiz o 6.º e o 7.º anos na actual Escola Secundária José Estêvão. Entretanto, deixei a actual Escola Secundária José Estêvão em 1975, precisamente na altura em que cheguei aqui e o Remédios contava a história da época dele.

Fiz um interregno, como é de calcular, e regressei, efectivamente, ao José Estêvão no ano de 1980/81. Estava no Conselho Directivo a Sr.(tm) Dr.(tm) Joana Vaz, era a Presidente do Conselho Directivo.

Foi um ano em que aprendi muito, nomeadamente em termos de alguma parte de gestão pedagógica, concretamente de directoria de turma, que realmente tive um treino significativo. Não sei se o Sr. Dr. Aurélio está recordado, mas nós tínhamos aquele famoso aluno Eugénio, que dava uma grande agitação a toda a Escola José Estêvão, e que tinha vindo recambiado da Escola Homem Cristo e, efectivamente, eu era a directora dessa turma. Inclusivamente, uma das vezes, e para que fique registado, a Sr.ª Dr.ª Joana Vaz levou-o para casa, porque ele não tinha onde ficar.

Portanto esta foi uma das minhas primeiras experiências assim marcantes, logo na leccionação, foi a directoria de turma.

Interrompi a minha permanência na José Estêvão durante quatro, cinco anos, e regressei. Portanto estou há catorze anos, agora, na José Estêvão.

Por incrível que pareça, quando cheguei, no Conselho Directivo estava um Senhor que imediatamente me ameaçou de que se eu no espaço de meia hora não fosse à Secretaria e não pusesse a escrita em dia estava na rua... Era ele, o Arsélio Martins! Foi assim que conheci o Arsélio Martins. E assim fiquei realmente a conhecer pela primeira vez o Arsélio e a voltar a encontrar alguns dos meus colegas, que tinham sido meus professores...

Durante algum tempo apenas leccionei, fui directora de turma, mais uma vez vivi algumas coisas como directora de turma significativas, a competição de notas / 63 / dos alunos do 12.º ano é uma marca bem significativa naquela Escola para alguns cursos e, realmente, tivemos problemas graves a esse nível e muitas vezes tiveram que se fazer algumas considerações a nível da reunião geral dos directores de turma para evitar conflitos.

Depois, em termos de experiência, acabei por ser Delegada de grupo, fui Coordenadora Pedagógica do SEUC, enquanto fui Delegada tenho mais um momento histórico na José Estêvão, foi criado o "Aliás", numa reunião de Conselho Pedagógico surgiu a ideia do Arsélio no sentido de arranjarmos uma documentação periódica que falasse das nossas actividades e entre um certo jogo de palavras "aliás", assim surgiu o ALIÁS.

E, finalmente, acabei por poder contar a história ao colega que já se ausentou e que estava preocupado com o casamento da Aurora. A Aurora casou e eu fui para o Conselho Directivo. Foi a razão de eu chegar ao Conselho Directivo, foi realmente o casamento da Aurora. Portanto, eu não entrei em lista, fui substituir a Aurora, portanto, a Aurora veio com um convite de casamento e, simultaneamente, um convite de trabalho. E foi assim que entrei em 1994/95 no Conselho Directivo, que quem presidia era a colega Manuela Seiça Neves. Mais uma vez um Conselho Directivo que era só de senhoras e que continuou, portanto, até ao fim desse mandato.

Fiquei a substituir a Aurora, à Aurora dizia-lhe respeito o Curso Nocturno, de certo modo eu estava bastante ligada ao SEUC e assim continuei, e penso que tem sido a minha paixão ultimamente.

Depois do terminus desse mandato continuei mais dois anos e penso que aí se abriram asas para realmente se ver a Escola de uma outra forma. E efectivamente viu-se.

Entretanto, esses dois anos acabaram, eu deixei o Conselho Directivo, mas ficámos com alguns trabalhos pendentes na Comunidade; e realmente isso tem-me sido bastante gratificante, todo o trabalho que tenho feito fora da Escola.

Há bocadinho alguém falava dos problemas ou da dificuldade ou do impacto que tinha um Militar dentro da Escola e eu neste momento passei a José Estêvão para a Unidade Militar. / 64 /

Portanto, tenho andado a complementar uma série de histórias que têm vindo aí a contar.

Neste momento nós temos cerca de 400 alunos militares e é a José Estêvão que neste momento vai à Unidade Militar.

Também temos na paróquia em S. Jacinto, portanto uma área que realmente tem sido gratificante para todos os colegas que por lá têm passado, é uma experiência realmente sui generis, cria algum espírito de solidariedade, que por vezes não é fácil nas Escolas grandes.

Temos uma outra experiência significativa e que para mim e penso que para o próprio Conselho Directivo tem sido realmente também importante, que é o contacto que tivemos com o Estabelecimento Prisional, que foi mais um passo que alargámos na cidade.

Fomos aos extremos do concelho, e neste momento temos alguns elos de ligação com a Freguesia de Nariz, portanto, toda a experiência tem sido voltada para a comunidade e, efectivamente, há aspectos que continuam a ser alguma barreira, e eu penso que mesmo com o novo modelo de gestão talvez não se venha a superar, porque as dificuldades que aqui foram contadas de há anos, há anos atrás, com as entidades que nos devem dar apoio e nessas mesmas entidades, e já com muita descentralização, continuam a ser bastantes difíceis de se aproximarem de nós e eu falo com alguma experiência destes dois últimos anos.

Mais uma vez continuo a ver a necessidade de uma grande disponibilidade para se estar na Gestão ou a apoiar a própria gestão, não há horas não há tempo. Mas é gratificante, é uma experiência de que realmente eu estou a gostar.

E, finalmente, acho que vamos continuar a alargar o nosso espaço, nomeadamente desta Escola, passando brevemente, salvo erro dentro de 15 dias, a entrar em contacto com a Bósnia e a começar o ensino à distância com os nossos alunos militares, que hoje mesmo partiram os últimos para lá.

Portanto, penso que é mais um passo alargado da Escola virada à comunidade que nos vai forçosamente exigir uma outra forma de estar, não só da parte da gestão como de todo o corpo docente, uma outra forma de estar do próprio docente perante o tipo de curso que está a decorrer e que nos obriga efectivamente e rapidamente / 65 / a ter que organizar a Escola de maneira a que seja muito mais fácil, não só a estratégia e toda a componente pedagógica para poder funcionar, como também, inclusivamente, todos os contactos que cada vez se tornam mais prementes no dia a dia com as diferentes entidades, desde Lisboa a Aveiro, porque tudo isso é necessário, e que exige, sem dúvida, da parte da Escola, uma organização muito mais específica, não tão geral como neste momento se está a processar, inclusivamente passando pela própria Secretaria, portanto, pela parte administrativa, para que possamos dar realmente resposta e as coisas possam ir para a frente.

De qualquer das formas, deste tempo que estive na gestão, e que neste momento me encontro a apoiar o Conselho Directivo em serviço de exterior, reconheço que tem sido muito gratificante, o mundo de alunos é extensíssimo, neste momento acho que há alunos desde os Açores ao Minho e que se alarga realmente aos colegas que por lá passam, há uma grande solidariedade de trabalho, porque é necessário quando se passa para fora da Escola, as condições nem sempre são as melhores e isso obriga, efectivamente, a uma criatividade permanente e que, ao mesmo tempo, despoluta da parte da Escola soluções rápidas e que eu admito que neste novo sistema se possam vir a melhorar, embora me restem algumas, como é que hei-de dizer, tenho esperanças mas não deixo de ter a certeza que as dificuldades vão ser significativas sempre que se procura fazer o contacto mais próximo com a comunidade. Penso que ainda não temos a comunidade suficientemente sensibilizada para a própria essência do que é a Escola, e, por vezes, não há um código universal, há, inclusivamente, digamos, interpretações que não serão de má fé, mas ninguém conhece bem o mundo de cada um e dificulta-nos, sem dúvida, esse trabalho.

Eu faço votos de que estes novos anos realmente dêem largo a este espírito de Escola.

Penso que durante estes últimos anos houve um certo fechar da Escola perante a comunidade e isso não pode continuar, porque efectivamente isso cada vez cria uma maior desmotivação dos alunos pela Escola, dado que há uma série de incentivos exteriores que os canalizam. Portanto, penso que temos mesmo que chegar com a Escola não só à população escolar normal, mas a toda a outra população que / 66 / precisa e cada vez mais, permanentemente de apoio em várias áreas e que penso que o corpo docente, mais ou menos alargado, poderá ir dando apoio mais ou menos especializado; isso implica também da parte do corpo docente uma maior sensibilização para a diversidade de tarefas que tenhamos que ter em termos de população escolar, e de organização e orientação de trabalho, mas acho que a Escola aponta para um caminho que tudo leva a crer que seja o espaço ideal para a sociedade de turma, é uma sociedade que cada vez caminha mais para a sociedade do lazer, temos que diversificar o nosso trabalho também nessa perspectiva e no sentido de que a população escolar também nos possa acompanhar.

Pessoalmente, gostei, efectivamente, do trabalho que tenho vindo a realizar. Tive, efectivamente, que fazer uma interrupção numa opção que tinha anteriormente definido, mas, efectivamente, estes dois anos dei-os por bem entregues. Estou satisfeita. Espero desencadear mais um ano esta actividade e depois, evidentemente, dar largo a outros continuadores, porque penso que as mudanças também são salutares.