Acesso à hierarquia superior.

Secundária José Estêvão

Cintura de Lírios, Duarte Morgado, 1997/98


INTRODUÇÃO

Vejo a Escola como um espaço que dinamize contactos e conhecimentos. Para poder intervir e usufruir da intervenção, deve abrir-se à comunidade e à inovação para as servirem e delas se servir. Uma Escola fechada ao seu núcleo é fechada à vida. Pôr em causa uma escola fechada implica passar da acusação à responsabilização, que nos leva à reformulação/renovação. Uma Escola aberta provoca confrontos, mas leva-nos a repensar o acto pedagógico no seu valor sócio-cultural. O objectivo/génese de todas as actividades expressivas reside na aquisição de instrumentos de cultura e no desenvolvimento de capacidades para um melhor equilíbrio do ser. No campo da Criação Teatral na Escola interessa-me vencer bloqueios para uma melhor linguagem de vida, desenvolver autonomia, cooperação, explorar linguagens, para promover a disponibilidade psicológica tão importante no acto criador – no fundo, desenvolver a expressão e a comunicação através de criações lúdicas colectivas. Em termos pedagógicos, é tão importante o processo como o resultado. Criar é um processo com etapas bem definidas em que o indivíduo quer ir mais longe vencendo obstáculos produzindo uma nova unidade de significação. A definição do ponto de partida provoca naturalmente uma selecção de soluções, os planos detalhados implementam e avaliam as soluções e os resultados. Ter confiança nos alunos, controle nas situações, vivenciar experiências positivas, acreditar nas suas potencialidades, valorizar o seu trabalho sem inibir a experiência, são as verdadeiras atitudes que levam o professor a cultivar a abertura e implementação da originalidade. Mas tudo é possível de desmoronamento se não existir um ambiente físico adequado, se o professor fizer uma orientação prepotente originando dificuldades na comunicação, se a cultura e as estruturas forem extremamente organizacionais, se o volume de serviços impedir a liberdade e autonomia impedindo o treino e as relações interpessoais atempadas.

Face aos dados recolhidos nos pontos de partida para as actividades expressivas e, em conjunto com a escola e com os participantes perspectiva-se o "a viver". Em vez de uma educação voltada para o "ensino" de "conhecimentos" tidos pelo adulto como importantes, certos e imutáveis, tendo por finalidade "formar", entendo (principalmente nas áreas expressivas) ter melhor efeito uma educação voltada para a satisfação das necessidades do jovem. Pretendo uma mutação não só nos aspectos administrativos e programáticos da educação, mas também nos métodos e princípios pedagógicos. Urge uma Escola onde haja espaço, onde o jovem de acordo com o seu carácter se eduque através da experiência livre e vivida por ele próprio. Não é desejável impor padrões pseudo-estéticos. A prática do acto criador propõe iniciativa formando assim as aptidões e a personalidade, ao mesmo tempo que ensina a viver com os outros. Na Criação Teatral na Escola, o acto criador está parcialmente subordinado a um conjunto de aspectos técnicos e artísticos, desde a pesquisa à defesa de ideias, levando os processos a serem complicados mas muito entusiasmantes.

Estas actividades inseridas numa Escola têm a intenção de dar resposta como escola dentro de outra escola, como meio para o indivíduo se servir e servir para um melhor conhecimento de si próprio, dos outros e do que o rodeia, de o tornar receptivo à / 4 / intervenção de qualidade.

Não é possível "abrir" uma escola sem correr riscos, porque a mudança pode levar ao frenesim da novidade e ao consumo rápido e desenfreado de ideias amorfas. Por isso, ensinar a pensar torna o jovem num cidadão mais crítico, mais dinâmico e mais equilibrado.
 

 

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