JORNALISTAS DESPORTIVOS DO DISTRITO
ALBERTO VALENTE DE GUARDA-REDES DO S. C. ESPINHO,
A REDACTOR DE "A BOLA."
A força no futebol Aveirense já vem de longe. Senão
leia-se o artigo escrito, em 1948, pelo notável desportista
Espinhense ALBERTO VALENTE, retirado do
Almanaque
Desportivo do Distrito de Aveiro, da autoria do grande
jornalista JOÃO SARABANDO, publicado em 1950.
MAIS... E MAIS DEPRESSA!
Eu sei que o nosso Distrito é dos que conta com maior
número de centros populacionais desportivos, com maior número de
clubes devidamente legalizados e, consequentemente, com maior número
de futebolistas em plena actividade. De lés a lés não falta
entusiasmo; nem escasseiam boas vontades; e daí – aficion às mãos
cheias. Os campeonatos da A.F.A., nestes vinte e tal anos
decorridos, reuniram sempre inscrições elevadíssimas nas suas várias
categorias. E, através dos tempos, alguns clubes lograram obter
classificações ou atingir postos na comunidade do Futebol Português
que bem atestaram os enormes recursos naturais da relativa classe
Distrital.
Eu sei ... Eu sei de tudo isso.
No entanto, a verdade nua e crua é que não tem sido
possível aguentar essas posições episodicamente conquistadas e que,
de facto, deviam pertencer ao Distrito de Aveiro entre todos os
restantes núcleos futebolísticos do País – sem dúvida melhor
cotados, hoje em dia, mas nem por isso melhor fadados no respeitante
à quantidade e à qualidade dos seus praticantes indígenas.
– E porquê?
Julgo estar em condições de responder – pondo o dedo
na ferida, visto ter seguido a par e passo a vida dos clubes do
nosso meio, em especial daqueles que atingiram autêntica projecção
Nacional.
O Futebol Aveirense na generalidade tem insistido
(com excepções, claro, que só confirmam a regra geral...) em se
bastar a si próprio, alinhando até à cabeça do de todos os Distritos
com o mais baixo índice de importação de jogadores alheios
recrutados para alicerçarem vaidosas pretensões – em lugares de
destaque. Desde as épocas mais remotas que jogadores nossos costumam
ser mais vistos em terras estranhas – do que elementos estranhos em
equipas nossas!
A prata da casa tem firmado razoável cotação na bolsa
futebolística Portuguesa, embora e infelizmente, com altos e baixos
– ou seja em clarões intermitentes de fama e de fortuna.Com ela já
galgamos ao zénite das nossas aspirações, mas para ceder depois em
face de competidores que se impõem à custa de sacrifícios de outra
espécie. Concretizando: – até agora a prata da casa Aveirense tem
sido batida aos pontos pelas notas do Banco de Portugal espalhadas a
esmo pelos Clubes Grandes de resto do País. Mas o caso tem remédio.
Porque se, no conjunto das circunstâncias, não é mais
que sofrível a execução dos jogadores Nacionais; se, por via disso,
vem sendo aconselhada com insistência a divulgação do A B C do
futebol; e se, hoje como ontem e tanto aqui como acolá, o querer é
poder – ao Distrito de Aveiro (mais do que a qualquer outra região)
cumpre responder à chamada, lançando-se
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imediatamente numa campanha de aperfeiçoamento técnico individual de
forma a que, quando burilada com esmero, a tal prata da casa nada
tenha a temer da concorrência do ouro alheio.
E assim, trabalhando para a desejada melhoria
Nacional, poderemos também ficar certos de que com a valorização
técnica das muitas centenas de rapazes que, por gosto e até por
vício, frequentam os terrenos de jogo do Distrito, sairão
infalivelmente as necessárias dezenas de futebolistas capazes de
honrarem e defenderem os seus Clubes – e, por reflexo, de imporem
com regularidade as reais possibilidades do Futebol Aveirense.
Trabalhar mais e mais depressa do que os outros.
Mais... do que até ao presente.
Mais depressa... porque candeia que vai à frente
alumia duas vezes!
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