Edição Comemorativa dos 75 anos - 1924-1999



 

JORNALISTAS DESPORTIVOS DO DISTRITO

ALBERTO VALENTE DE GUARDA-REDES DO S. C. ESPINHO,

A REDACTOR DE "A BOLA."

A força no futebol Aveirense já vem de longe. Senão leia-se o artigo escrito, em 1948, pelo notável desportista Espinhense ALBERTO VALENTE, retirado do Almanaque Desportivo do Distrito de Aveiro, da autoria do grande jornalista JOÃO SARABANDO, publicado em 1950.

MAIS... E MAIS DEPRESSA!

Eu sei que o nosso Distrito é dos que conta com maior número de centros populacionais desportivos, com maior número de clubes devidamente legalizados e, consequentemente, com maior número de futebolistas em plena actividade. De lés a lés não falta entusiasmo; nem escasseiam boas vontades; e daí – aficion às mãos cheias. Os campeonatos da A.F.A., nestes vinte e tal anos decorridos, reuniram sempre inscrições elevadíssimas nas suas várias categorias. E, através dos tempos, alguns clubes lograram obter classificações ou atingir postos na comunidade do Futebol Português que bem atestaram os enormes recursos naturais da relativa classe Distrital.

Eu sei ... Eu sei de tudo isso.

No entanto, a verdade nua e crua é que não tem sido possível aguentar essas posições episodicamente conquistadas e que, de facto, deviam pertencer ao Distrito de Aveiro entre todos os restantes núcleos futebolísticos do País – sem dúvida melhor cotados, hoje em dia, mas nem por isso melhor fadados no respeitante à quantidade e à qualidade dos seus praticantes indígenas.

– E porquê?

Julgo estar em condições de responder – pondo o dedo na ferida, visto ter seguido a par e passo a vida dos clubes do nosso meio, em especial daqueles que atingiram autêntica projecção Nacional.

O Futebol Aveirense na generalidade tem insistido (com excepções, claro, que só confirmam a regra geral...) em se bastar a si próprio, alinhando até à cabeça do de todos os Distritos com o mais baixo índice de importação de jogadores alheios recrutados para alicerçarem vaidosas pretensões – em lugares de destaque. Desde as épocas mais remotas que jogadores nossos costumam ser mais vistos em terras estranhas – do que elementos estranhos em equipas nossas!

A prata da casa tem firmado razoável cotação na bolsa futebolística Portuguesa, embora e infelizmente, com altos e baixos – ou seja em clarões intermitentes de fama e de fortuna.Com ela já galgamos ao zénite das nossas aspirações, mas para ceder depois em face de competidores que se impõem à custa de sacrifícios de outra espécie. Concretizando: – até agora a prata da casa Aveirense tem sido batida aos pontos pelas notas do Banco de Portugal espalhadas a esmo pelos Clubes Grandes de resto do País. Mas o caso tem remédio.

Porque se, no conjunto das circunstâncias, não é mais que sofrível a execução dos jogadores Nacionais; se, por via disso, vem sendo aconselhada com insistência a divulgação do A B C do futebol; e se, hoje como ontem e tanto aqui como acolá, o querer é poder – ao Distrito de Aveiro (mais do que a qualquer outra região) cumpre responder à chamada, lançando-se / 92 / imediatamente numa campanha de aperfeiçoamento técnico individual de forma a que, quando burilada com esmero, a tal prata da casa nada tenha a temer da concorrência do ouro alheio.

E assim, trabalhando para a desejada melhoria Nacional, poderemos também ficar certos de que com a valorização técnica das muitas centenas de rapazes que, por gosto e até por vício, frequentam os terrenos de jogo do Distrito, sairão infalivelmente as necessárias dezenas de futebolistas capazes de honrarem e defenderem os seus Clubes – e, por reflexo, de imporem com regularidade as reais possibilidades do Futebol Aveirense.

Trabalhar mais e mais depressa do que os outros. Mais... do que até ao presente.

Mais depressa... porque candeia que vai à frente alumia duas vezes!

 

 

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