No entanto, a verdade nua e
crua é que não tem sido possível aguentar essas posições episodicamente
conquistadas e que, de facto, deviam pertencer ao distrito de Aveiro
entre todos os restantes núcleos futebolísticos do país
— sem dúvida
melhor cotados, hoje em dia, mas nem por isso melhor fadados no
respeitante à quantidade e à qualidade dos seus praticantes indígenas.
—
E porquê?
Julgo estar em condições de
responder —
pondo o dedo na ferida, visto ter seguido a par e passo a vida dos
clubes do nosso meio, em especial daqueles que atingiram autêntica
projecção nacional.
O Futebol Aveirense na
generalidade tem insistido (com excepções, claro, que só confirmam a
regra geral...) em se bastar a si próprio, alinhando até à cabeça do de
todos os distritos com o mais baixo índice de importação de jogadores
alheios recrutados para alicerçarem vaidosas pretensões
— em lugares de
destaque. Desde as épocas mais remotas que jogadores nossos costumam ser
mais vistos em terras estranhas —
do que elementos estranhos em equipas nossas!
A prata da casa tem firmado
razoável cotação na bolsa futebolística portuguesa, embora e
infelizmente, com altos e baixos —
ou seja em clarões intermitentes de fama e de fortuna. Com ela já
galgamos ao zénite das nossas aspirações, mas para ceder depois em face
de competidores que se impõem à custa de sacrifícios de outra espécie.
Concretizando: —
até agora a prata da casa aveirense tem sido batida aos pontos
pelas notas do Banco de Portugal espalhadas a esmo pelos Clubes Grandes
do resto do país. Mas o caso tem remédio.
Porque se, no conjunto das
circunstâncias, não é mais que sofrível a execução dos jogadores
nacionais; se, por via disso, vem sendo aconselhada com insistência a
divulgação do A B C do futebol; e se, hoje como ontem e tanto aqui como
acolá, o querer é poder —
ao distrito de Aveiro (mais do que a qualquer outra região) cumpre
responder à chamada, lançando-se imediatamente numa campanha de
aperfeiçoamento técnico individual de forma a que, quando burilada com
esmero, a tal prata da casa nada tenha a temer da concorrência do
ouro alheio.
E assim, trabalhando para a
desejada melhoria nacional, poderemos também ficar certos de que com a
valorização técnica das muitas centenas de rapazes que, por gosto e até
por vício, frequenta os terrenos de jogo do Distrito, sairão
infalivelmente as necessárias dezenas de futebolistas capazes de
honrarem e defenderem os seus Clubes
— e, por reflexo, de imporem com regularidade
as reais possibilidades do futebol Aveirense.
Trabalhar mais
— e mais depressa
do que os outros. —
Mais... do que até ao presente.
—
Mais depressa... porque candeia que vai à frente alumia duas vezes! |