Escola Secundária José Estêvão, n.º 11, Jan.- Mar. de 1994

Susana Tavares

10.º N

A família é importante, não só por serem pessoas que têm o mesmo sangue, mas porque os seus elementos, quando têm problemas podem, socorrer-se do seu apoio desinteressado. Mas será que a família hoje existe de facto?

Não! Apenas se diz "família" de pessoas que vivem na mesma casa e onde existem laços de sangue. "Família" dá um sentido de aproximação. Mas será que elas são assim? Claro que não!

A maneira de ver as coisas da vida é diferente de pais para filhos. À maneira que a sociedade vai evoluindo, os jovens vão acompanhando-a, isto é, nascem inseridos nela; aprendem o que nela há, mas enquanto isso os pais, avós e outros não a conseguem acompanhar; nasceram num mundo diferente; tudo isto leva ao chamado fosso de gerações: o jovem quer viver de acordo com aquilo que vê, que lhe é transmitido, os pais querem que eles vivam segundo os seus valores e hábitos. Quem vence? Ninguém! O jovem chega a casa dirige-se ao quarto e, dedo numa tecla, "click", e aí está a sua música "bum, bum" – está aí até à hora de se deitar. Os pais, esses, juntam-se num sofá em redor de uma máquina que dá sons e imagens. Por estarem sentados à volta desta máquina quererá dizer que são uma família unida? Nada disso, cada um para seu lado, e ali estão apenas olhando e ouvindo aqueles sons, nem sequer se ouve um leve sussurro – "Então, como foi o teu dia?". Nada, nada se ouve, ou talvez se ouça uma pessoa roncando, um a desfolhar jornais ou revistas, ou uma criança a chorar, porque lhe mudaram o canal de televisão preferido.

Que mundo é este? Um mundo que está em evolução? Sim!

Um mundo que nos dá e transmite coisas? Também!

Um mundo que nos permite ter sentimentos? Sim!

Mas sentimentos um pouco estranhos; AMOR, mas um amor diferente; Ambição, mas uma ambição maluca, exagerada.

Mas será que este mundo tem união, famílias? Pode ter famílias apenas de nome, mas união, não.

Onde está o diálogo entre as pessoas? Desapareceu quase por completo. Ele já poderia ser pouco, mas agora, então, é quase inexistente.

É isso! O nosso mundo pode ser um mundo em evolução, mas até que ponto irá esta evolução? Ao ponto de "destruir" a família, de lhe roubar os seus espaços de diálogo, a sua união?

Onde está o diálogo entre as pessoas? Desapareceu quase por completo. Ele já poderia ser pouco, mas agora, então, é quase inexistente.

É isso! O nosso mundo pode ser um mundo em evolução, mas até que ponto irá esta evolução? Ao ponto de «destruir» a família, de lhe roubar os seus espaços de diálogo, a sua união? ■
 

Aliás, Escola Secundária José Estêvão

 

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