Escola Secundária José Estêvão, n.º 27, Março de 2001

Preservação da pele e alguns dados científicos

Há muito que o Homem procura encontrar a chave da eterna juventude. Os Sumérios, há cinco mil anos, contavam a epopeia de Gilgamesh, rei da cidade de Ourok, situada na margem esquerda do rio Eufrates, a propósito do elixir da imortalidade. Segundo eles, esse elixir encontrava-se numa alga marinha que estava protegida por uma serpente.

É, contudo, na Idade Média que a Ciência começa, através da Alquimia, da Medicina e da Magia, a fabricar elixires da longa Vida.

A estrutura da pele, como se pode ver na figura 1, é constituída por quatro camadas:

camada córnea (onde se situam as células mortas), epiderme (que contém, essencialmente, melanócitos), derme e hipoderme. Os melanócitos são as células que produzem a melanina (proteína granular), que é enviada para os queranócitos (células superficiais da pele). A melanina bloqueia uma parte dos raios solares. Assim, pode-se dizer que os melanócitos têm a função de proteger a pele do sol. A quantidade de melanina é diferente em cada ser humano; é isto que faz com que haja diferentes cores de pele.

A pele sofre uma tripla agressão pelos raios infravermelhos, raios ultravioleta A e raios ultravioleta B.

Os raios ultravioleta A (UVA), mais numerosos, penetram nas camadas profundas da derme e degradam directamente o ADN (Ácido Desoxirribonucleico). Os raios ultravioleta B (UVB) atacam directamente o património genético das células. Os raios infravermelhos acentuam a acção prejudicial dos UV.

Uma exposição prolongada ao sol até à idade de 10 anos é factor de risco de desenvolvimento de melanoma (cancro de pele) na idade adulta, pelo que o ideal seria estar com o corpo coberto na praia; isso, geralmente, não se verifica, pois o sonho de qualquer veraneante é ter uma pele bronzeada. O modo de bronzeamento favorece o progresso de melanomas malignos, pelo que se deve evitar a exposição prolongada ao sol entre as 12 e as 16 horas. Em França, a curva da mortalidade por melanoma não cessa de crescer. Cada ano, o número de cancro cutâneo aumenta cerca de 7%, devido à exposição intermitente ao sol (fig. 2). / 30 /

Para evitar este aumento, procede-se ao uso de cremes, não só com o fim de proteger, mas também de prolongar a "juventude" da pele. Os cosméticos não impedem o envelhecimento, mas atenuam os seus sinais visíveis, tais como rugas, cabelos brancos e lassidão da pele. O tempo deixa as suas marcas no corpo; sendo a pele um órgão muito exposto, depreende-se que a sua aparência seja um bom indicador do tempo como sinónimo de idade e das condições ambientais a que esteve exposta.

Actualmente, os investigadores consideram como principais inimigos do Homem os radicais livres, que são moléculas provenientes de numerosos processos fisiológicos. Estas moléculas têm como característica o seguinte: perdendo um electrão, esforçam-se por obtê-lo de outras moléculas; essas ficam desestabilizadas, alterando outras moléculas e assim sucessivamente (figura 3). Pode-se falar em efeito de "bola de neve" que provoca "erosão" dos mecanismos fisiológicos.

Admite-se que, no século XXI, se encontrarão nos supermercados comprimidos com anti-radicais livres, adaptados à fisiologia e ao perfil genético de cada um. Uma segunda explicação para reduzir o envelhecimento consiste em controlar as dietas alimentares: estudos recentes mostraram que os ratos, submetidos a um regime hipocalórico prolongado, vivem mais tempo e com melhor saúde e o mesmo deve suceder com o Homem.

Se a longevidade do Homem é superior à dos outros mamíferos (à excepção da baleia, que é igual à nossa), é porque nós possuímos um sistema mais eficiente de reparação do ADN. Como não só o ADN "envelhece", mas também certos genes implicados no envelhecimento, poder-se-á, no futuro, com o avanço da engenharia genética, reparar o ADN "envelhecido", pela introdução de genes novos, sendo esta uma via de prolongar a juventude. A menos que um dia, no fundo dos oceanos, os mergulhadores encontrem a alga com virtudes particulares a que se referiam os Sumérios.

Trabalho conjunto de
Diana Santos, Jenifer Alfaiate, Joana Portugal e José Fontes

Nota: Um grupo metileno (1 - fig. 30) que perde um átomo de hidrogénio, sob o efeito do fumo de cigarro, por exemplo, forma um radical livre (2) tóxico para as células, que acelera o envelhecimento.

 

 

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págs. 29 e 30