Escola Secundária José Estêvão, n.º 24, Março de 1999

Primeiro passo...

 

No dia 10 de Dezembro de 1948, ainda quente a barbárie da segunda guerra mundial, é aprovada pela Assembleia Geral da ONU, a carta da Declaração Universal dos Direitos Humanos «como ideal a atingir por todos os povos e nações».

Hoje, 10 de Dezembro de 1998, ao comemorar-se o 50.º aniversário da promulgação deste ideal, no Brasil agentes policiais matam crianças tidas por criminosas, porque sem eira nem beira se tornaram marginais à ordem da sociedade dominante e roubam para sobreviver; em África assiste-se à violência entre etnias rivais, porque aos senhores da guerra lhes interessa recriar a irracionalidade contida nos ódios para continuarem a acumular e a concentrar o capital, do qual já se perdeu o rosto; na Rússia professores sem salário há seis meses morrem de fome em liberdade... Crianças, idosos, homens e mulheres ninguém escapa às diferentes formas de violência que se vão banalizando porque nos tomámos indiferentes a ela.

Já nada nos parece fazer levantar o grito da indignidade.

Sabemos da distância entre a afirmação dos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos e a realidade das suas práticas, o que, no meu entender, reforça a necessidade de uma educação para os "Direitos Humanos".

Não pondo em causa as comemorações deste dia pelas causas nobres que lhes estão subjacentes, ouso, no entanto, perguntar:

– Reiterámos o respeito pelos direitos consignados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e, portanto, assumimos os deveres que lhe são inerentes?

– Que passos podemos nós, estudantes, dar já hoje?

– Não terá a escola silenciado aquilo porque não foi capaz de se empenhar – educar para os direitos humanos?

– Construir um mundo melhor, através da educação, como fazê-lo, professor? ►►►
 

 

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