Escola Secundária José Estêvão, n.º 22, Junho de 1998

Junta de Freguesia da Glória

ESCOLAS EM MOVIMENTO


O programa “Escolas em Movimento" que a Junta de Freguesia da Glória está a promover é uma resposta possível às dificuldades das escolas na ligação entre elas e com a comunidade. Por um lado, cria um espaço de diálogo onde as escolas podem encontrar-se e encontrar a Junta, a Câmara, as instituições e serviços comunitários, para além das associações culturais. Por outro, cria a obrigação de trocar e disponibilizar para a comunidade as iniciativas escolares, assim como a obrigação de fortalecer aquelas iniciativas que podem ser feitas em cooperação de esforços entre as escolas e com as associações. A escola fará esforços no sentido de definir e colocar no tempo do próximo ano lectivo as iniciativas que podem ser disponibilizadas para animação da comunidade e que devem ocupar um lugar na intervenção cultural ou podem interligar-se com outras iniciativas a serem apoiadas pela Junta, ao mesmo tempo que se desenvolverão iniciativas de divulgação das potencialidades da escola como recurso da freguesia. O programa “Escolas em Movimento" honra a Junta de freguesia, que passa da situação de ir respondendo às pequenas coisas que as escolas sempre pedem para uma situação de intervenção e motor de iniciativas, para o papel político de incentivar a integração de recursos educacionais da freguesia atribuindo-lhes valor e oferecendo-lhes visibilidade.

Pelo nosso lado, aqui damos visibilidade ao projecto da Junta, assumindo publicamente o compromisso de o considerar no Plano Anual de Actividades da Escola.

Arsélio Martins

Introdução

A Educação, entendida como processo de desenvolvimento e formação global de todos, em condições de igualdade de oportunidades e no respeito pela diferença e autonomia de cada um, assume-se como motor fundamental da sociedade moderna, sendo vital à dinamização social, cívica, política, científica, técnica e cultural.

A Educação não interessa apenas a professores, estudantes, pais, técnicos e decisores políticos. É um assunto de todos, está enraizado nas comunidades e envolve uma grande multiplicidade de formas, espaços, organizações e instituições.

No núcleo do processo educativo está a Escola: realidade complexa e multiforme, quer nos seus modelos de organização e funcionamento, quer nas funções pedidas à formação que veicula. Entre essas funções, são óbvias e consensuais a transmissão de conhecimentos científicos e o acesso à qualificação necessária para uma vida profissional. Porém, apesar de importantes, estas componentes da formação escolar constituem apenas uma parcela do que é pedido à escola de hoje.

Hoje, pede-se à escola que não circunscreva à instrução e ao consumo passivo de saberes disciplinares, mas / 25 / promova também a preparação de cidadãos de corpo inteiro, isto é, crie hábitos de reflexão crítica e autónoma, desperte a sensibilidade para os valores da cultura e desenvolva competências para uma participação cívica efectiva.

Nos termos descritos na Lei de Bases do Sistema Educativo (7.º), são objectivos do ensino básico: «Assegurar uma formação geral comum a todos os portugueses que lhe garanta a descoberta e o desenvolvimento dos seus interesses e aptidões, capacidade de raciocínio, memória e espírito crítico, criatividade, sentido moral e sensibilidade estética a realização individual em harmonia com os valores da solidariedade social; Assegurar que nesta formação sejam equilibradamente inter-relacionados o saber e o saber-fazer, teoria e a prática, a cultura escolar e a cultura do quotidiano; Proporcionar a aquisição de atitudes autónomas, visando a formação de cidadãos civicamente responsáveis e democraticamente intervenientes na vida comunitária.»

Na mesma Lei (9.ª), apontam-se como objectivos do ensino secundário: «Facultar aos jovens conhecimentos necessários à compreensão das manifestações estéticas e culturais e possibilitar o aperfeiçoamento da sua expressão artística; Fomentar a aquisição e aplicação de um saber cada vez mais aprofundado assente no estudo, na reflexão crítica, na observação e na experimentação; Formar, a partir da realidade concreta da vida regional e nacional e no apreço pelos valores permanentes da sociedade em geral, e da cultura portuguesa, jovens interessados na resolução do país e sensibilizados para os problemas da comunidade internacional.»

Os objectivos definidos na Lei de Bases do Sistema Educativo apontam claramente para a superação da escola tradicionalmente curricular pela escola de participação, conhecimento crítico e fruição da cultura. Neste processo, são chamados a intervir todos os agentes que constituem o corpo da escola: alunos, professores, funcionários, órgãos directivos, mas não só. A comunidade onde se insere a escola também deve ser profundamente implicada.

Uma escola atenta à realidade envolvente e em relação permanente com ela, uma escola impulsionadora da troca de saberes e experiências de origens diversas que valorize, efectivamente, a dimensão extracurricular, incentivando o associativismo, as iniciativas lúdicas, desportivas e culturais, é ma escola que cresce em formação e vitalidade cultural, servindo verdadeiramente a sua função. Uma sociedade que acolhe ideias, projectos e realizações desta escola e trabalhe com ela, suscitando o desenvolvimento de novas formas de aprendizagem, construindo pontes entre a teoria e a praxis, consolidando a Educação para uma cidadania consciente e participativa, é / 26 / uma sociedade mais dinâmica, criativa e responsável.

É partindo desta leitura que a Junta de Freguesia da Glória pretende lançar o projecto "Escola em Movimento", cujos objectivos e fases de realização se expõem, de forma preliminar, neste documento.

 

Desenvolvimento

Objectivos e Estrutura do Projecto

Enquanto força social e agente integrante e dinamizador da comunidade local, a Junta de Freguesia da Glória reconhece a sua quota parte no pro-cesso educativo das crianças e jovens da freguesia. O projecto "Escola em Movimento' surge da vontade de participar activamente nesse projecto, em parceria com as escolas e outras instituições de vocação cívica e educacional.

Contribuir para a formação cívica e o enriquecimento cultural das gerações mais jovens, incentivar a actividade extracurricular nas escolas, apelar à criatividade e ao gosto pela participação e apoiar o trabalho associativo, são objectivos do projecto.

Na sua concretização vislumbra-se a criação de uma rede de diferentes saberes, formas de expressão artística, manifestações culturais e componentes da formação cívica que existem nas nossas escolas, organizações juvenis e instituições de índole educativa e cultural. Os fios condutores desta rede são o diálogo, a troca de ideias e projectos e a coordenação de actividade entre os diversos parceiros. A sua força reside na possibilidade de aumentar exponencialmente não só a capacidade de propor iniciativas, mas sobretudo os recursos materiais e humanos necessários à sua concretização.

Para mais fácil concretização do Projecto a Junta de Freguesia da Glória propõe que este se divida em três fases:

1º – Discussão, entre os parceiros, sobre as potencialidades, viabilidade, objectivos e organização do projecto.

2.º – Levantamento do número e tipo de actividades a realizar, acrescentando a sua respectiva calendarização e análise da viabilidade.

3.º – Execução do Projecto.

(Junta de Freguesia da Glória)
 

 

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