O olho vesgo da morte

 

I

Nestes dias sem fim à vista
Há quem se lembre de tudo
Como um delírio de fixação
Ou quem já tudo esqueceu
Como sonho há muito morto
Mas ateado na candeia da fé
No emergir do génio humano
A lutar contra a furiosa natura
Numa luta desigual e ciclope.

II

E do absoluto da emergência
Nasceu o ingente pronto-alívio
Qual grito a ecoar nas mentes
Para ferir o olho vesgo da morte
E o seu arrasador míssil telúrico
Entre batalhas contra o tempo
E a serena partilha da esperança,
Da compaixão, e da solidariedade
Fundidas com o sangue em fogo
No vero cadinho da aura humana

Fevereiro de 2023

 

 

14-02-2023