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Naveguei por geografias
do sentimento
e lá fui perdido na bruma dos enredos
sulcando vagalhões de lixo semântico
até ter o corpo adernado a bombordo
o coração solto a estrebuchar em salva
e a memória afadigada encapsulando
como faísca em negrume de tormenta
a riscar a profundeza do pensamento
tantas vivências que julguei efémeras
e, debatendo-me com o vento de través
fui metendo as emoções em salva-vidas
enquanto rezava uma ladainha profana
na esperança de as vir a reencontrar
no cais onde arribam todos os aventureiros
que forjam e limam estrofes e metáforas.
Maio de 2022 |