Natal solidário

 

Em todos os solstícios do inverno
Abrimos o místico e ancestral livro
Para lermos, cantarmos e celebrarmos
O poema escrito em todos os alfabetos
Com as estrofes luminosas do Natal,
Música a dimanar centelhas de hossanas
Que, em ondas de felicidade plena
Alumiam o desconforto da solidão
Ou aliviam o choro das orfandades
Fruto de sanha raivosa e sanguinária
Toldando alegrias, ferindo a dignidade
Mas abraçando ventos de esperança
A vibrarem na harpa eólica das ramagens.

Repicam os sinos à compita com sons
De música sacra e de cantares profanos
Uma simbiose errática em doce magia
Capaz de remover a penúria da angústia
E acender na alegria velas de espanto
No inocente e solto riso das crianças
À margem das lágrimas dos velhos
Rios fugazes na demanda da nascente
Com mil lembranças a partilhar a sós
Num oculto ritual de esquecimento
Alheados por instantes do bru-à-à familiar
Ou da facúndia no círculo de amigos.
Mas seguindo com respeito a Mensagem
Guardiã do mantra da sacra Virtude
Com algoritmo da dignificação do humano
E a glorificação da omnipresença do divino.

E, deixando no solstício o eco da paz
A Terra no seu giro a contornar o Sol
Prossegue a demanda do equinócio
Com os votas de, quando ali chegada
As esperanças dos nossos dias
Tenham limpo as trevas que nos cegam
Abrindo o entendimento da humanidade
No abraço universal da gratidão, do amor
Do perdão e da concórdia solidária
Numa grande exaltação de humildade
Como apanágio da liberdade fraterna.

                          Dezembro de 2023

 

 

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