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O incómodo que preenche
estes dias
Benzidos por clérigos em delírio
Acobertados pela cicatriz voluptuosa
E cumprindo os rituais da penitência
Ditada pelos deuses da circunstância,
Obriga-nos a subir a custo a montanha
Pela escura via sacra da vergonha
E suportar o fardo da dor psíquica
Ouvindo a seráfica e aleivosa facúndia
Deste sinédrio da ocultação injuriosa
Fugindo á toa pelo dédalo do sermão
E vitimando-se pelo assalto pecaminoso
Aos seus atributos: o estatuto e o papel
Que a vetusta e santa ordem lhes confere.
Sente-se o arrepio e a dor na consciência
Despertada que foi para a suma verdade
Espezinhada como pétalas de flor caídas,
Enlameada por cios esdrúxulos, vadios
E magoada com o primado da indiferença
De um discurso tergiverso e incoerente
Atentando contra a fé, e ou a razão
De crentes, agnósticos, e descrentes.
Março 2023
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