Falanstério

 

A incredulidade caminha para o pânico
e a reencarnação dos velhos sábios
perscrutantes do infinitamente grande
caiu célere no colo dos cientistas de hoje
silenciosos pesquisadores nos laboratórios
em areópagos até ontem improváveis,
quais monges medievais de Ordens severas
moirejando entre a meditação capitular,
o cantochão, e as ladainhas eclesiais
na intercepção divina para as moléstias.
Procuram os novos monges cientistas
a resposta cabal capaz de aniquilar de vez
este novo monstro sem cheiro nem rosto
num desafio ao quase infinitamente pequeno
e a provocar de onde em onde e a todo o tempo
o estralejar como pipocas, doutas opiniões
tão díspares como surpreendentes e incontroversas
face à mesma verdade tornada a breve trecho
inoportuna, descontextualizada, e até perigosa.
É o talvez de sempre, o fantasma da dúvida,
a variável saltitante na parafernália dos laboratórios
ao apurar da verdade pelos cânones da ciência,
onde a síntese tem o cabimento que se procura.
Em verdade é essa a cabal resposta urgente
que a humanidade impaciente aguarda
do inusitado e aplaudido esforço despendido
pela unidade na multiplicidade deste falanstério,
o paradoxal nomadismo das fronteiras fechadas.
               
                Manuel M. Barreiro - 15-5-2020

 

 

16-05-2020