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Cada um seguia o outro
sem saber porquê
para onde
ou para quê;
cada um sorria de si
e para si
saindo das sendas do acaso,
cruzando o parque vazio
e entrando na rua estreita
onde poisam as gaivotas
em véspera de tempestade.
Cada um seguia o outro
sem saber porquê
para onde
ou para quê
perdendo-se algures
na escuridão do tempo
ora adensada pelo desassossego.
Na sedimentação da desconfiança
seguiu-se o reencontro, um a um
no mútuo desconhecimento
em reinicio da caminhada
focada no ponto zenital a tremeluzir
no arco do solstício do verão ;
e, um após outro
na cegueira dos aflitos
lá foram calcorreando
o trilho desconsertado,
agora em sentido inverso
cumprindo a pena de existir
não sabendo porquê
nem para quê.
do livro em preparação:
LUCIDEZ DAS ROSAS BRAVAS
29 de Novembro de 2020 |