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/ 22 / Lembrou que desde há trinta anos trata com o homenageado na sua actividade de armador de invulgares qualidades e sempre o viu na vanguarda dos que procuram revivificar e fazer progredir cada vez mais a indústria da pesca que ambos conheceram, há trinta anos, à beira da ruína.

Por entre prolongados aplausos da numerosíssima assistência, procedeu em seguida, à imposição das insígnias.

Em nome da Direcção do Teatro Aveirense, o Sr. José Duarte Simão proferiu breves palavras de congratulação e convidou uma gentil tricana a entregar ao Sr. Egas Salgueiro um lindo ramo de flores.

Também em palavras breves, mas muito sentidas, o Director da «FIâmula», Sr. Carlos Grangeon, saudou calorosamente o Sr. Comendador Egas Salgueiro, em nome dos 1.200 empregados e operários da. E. P. A., enquanto um grupo de empregadas lhe oferecia uma bonita «corbeille» de orquídeas e a sua Esposa, Ex.ma Sr.ª D. Ascensão Salgueiro, que assistia numa frisa, um ramo de cravos vermelhos.

Visivelmente emocionado, falou por último o Sr. Egas Salgueiro, que disse:

«Muito grato estou ao Governo da Nação pela condecoração com que me distinguiu, assim como à comissão de amigos aveirenses que promoveu esta reunião para entrega das respectivas insígnias. Não sei como agradecer tantas provas de carinho, estima e consideração que quiseram dar-me tantos e bons amigos que de perto, de longe – e alguns até de muito longe – aqui vieram assistir a este acto.

 
   
 

Ao tomar conhecimento da distinção que me era conferida, perguntei à minha consciência o que poderia eu ter feito para a merecer, pois parece-me que tudo aquilo que me foi dado realizar em prol do meu País, da minha região e de Aveiro, como industrial aveirense, o fiz por mera / 24 / obrigação, aquela obrigação que a todos assiste de concorrer com o nosso esforço para a valorização de Portugal. E o que me foi permitido levar a efeito, principalmente na indústria da pesca, não o poderia ter concretizado sem a valiosa ajuda do Estado que, por intermédio do seu Delegado do Governo, Comissão Reguladora do Comércio do Bacalhau e dos Organismos Corporativos, tem facultado aos respectivos armadores meios para o desenvolvimento desta indústria tão necessária ao abastecimento do País, e ainda sem o concurso de dedicados colaboradores, que tantos são, desde as tripulações das frotas, com os seus competentes comandos, aos profissionais de terra, que exercem nos escritórios e nas variadas secções fabris as mais árduas tarefas.

E tão pouco posso esquecer a solidariedade e confiança que sempre tenho recebido dos meus prezados colegas que fazem parte dos Corpos Gerentes da Empresa de Pesca de Aveiro.

 

Só com estes amparos me foi possível fazer alguma coisa no âmbito da indústria da pesca, se é que o labor realizado pode ser considerado, realmente, de algum valor.

A V. Ex.ª, Sr. Governador Civil, que muito admiro e estimo, quer como alto representante do Governo no nosso Distrito, quer na sua simplicidade de cidadão, manifesto a minha maior gratidão pelo dedicado apoio dado a esta reunião promovida pelos meus amigos. Também muito me sensibilizaram as afectuosas palavras de V. Ex.ª, tão cheias de carinho e sincera amizade, que calaram bem no fundo do meu coração.

A V. Ex.ª, Sr. Almirante Henrique dos Santos Tenreiro, digno Delegado do Governo junto dos Organismos das Pescas, que, com sacrifício dos seus inúmeros afazeres, se dignou vir até esta cidade para, pessoalmente, me entregar a condecoração, agradeço vivamente a alta prova de consideração que me dá, assim como as amáveis palavras que teve a gentileza de me dirigir. Como sempre, e enquanto a minha saúde o permitir, poderá V. Ex.ª contar com a minha leal colaboração, não de palavras, mas de acção, tendo presente a contínua melhoria e engrandecimento da frota portuguesa de pesca e dos respectivos complexos industriais de terra.

 

Ao Ex.mo Sr. Capitão José Oliveira de Sousa, brilhante oficial da nossa marinha mercante, que há cerca de quatro décadas comigo colaborou na qualidade de capitão de navio da pesca do / 25 / bacalhau, agradeço as palavras tão cheias de amizade com que historiou a minha acção nessa pesca, relembrando acontecimentos passados que saudosamente guardo na minha memória.

À Comissão Organizadora desta cerimónia que muito dedicadamente se esforçou pela sua realização, e em nome da qual o meu prezado amigo, Sr. Coronel António Dias Leite, me dirigiu palavras de verdadeira amizade, eu apresento os meus melhores agradecimentos e um abraço muito afectuoso para todos os seus componentes.

Para os ilustres representantes da Imprensa, cuja função tanto admiro, vai a minha sincera homenagem.

E a todas as pessoas que aqui vieram e, com a sua presença, quiseram associar-se aos propósitos da Comissão Organizadora desta reunião, eu me confesso, também, muito sensibilizado pela gentileza do seu gesto e lhes fico, por isso, muito e muito reconhecido».

No final o Sr. Egas Salgueiro foi longamente aclamado pela assistência e recebeu calorosos cumprimentos das entidades presentes. Foram recebidas inúmeras cartas e telegramas de felicitações de todo o País, do Ultramar e do estrangeiro.

A imprensa diária e local deu grande relevo a este acontecimento, publicando circunstanciados relatos e pondo em merecido destaque a personalidade do Sr. Egas. Salgueiro.

«Flâmula», ao registar jubilosamente nas suas páginas as homenagens de que o Sr. Egas Salgueiro foi alvo, saúda de forma muito singela mas muito sincera o trabalhador número um desta grande casa de trabalho que se chama EMPRESA DE PESCA DE AVEIRO.

 

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