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faça frases curtas

Uma boa forma de melhorar o seu estilo é redigir em frases curtas. Quando uma frase contém várias ideias, é aconselhável fraccioná-la. Além de vinte palavras por frase, os seus leitores correm o risco de se fatigar. Divirta-se a contar o comprimento médio das frases de certos textos oficiais, de alguns relatórios ou notas de serviço. Depois, tente escrever a mesma coisa com menos palavras. Esforce-se por não conservar mais do que uma ideia por frase. É um excelente exercício.

 evite as palavras supérfluas

Percorra a sua minuta com a ajuda dum lápis e verifique cada palavra. Rejeite aquelas que não forem necessárias para a compreensão do texto. Utilizam-se sempre demasiados adjectivos e advérbios. Torne a ler o seu texto em voz alta. Aperceber-se-á melhor do valor das palavras.

  empregue palavras correntes

Não caia no erro de alguns que «para parecer bem» empregam palavras técnicas ou palavras estrangeiras quando existem equivalentes na linguagem de todos os dias! Como dizia já La Bruyère «chamem a um gato um gato» e não um carnívoro digitígrado.

  desconfie do estilo falado

Ao tentar ser persuasivo, corre o risco de se tornar familiar. O que se não nota dito de viva voz, muitas vezes não consegue superar a barreira da escrita. Evite a reprodução do estilo, das fórmulas que, suportáveis na linguagem falada (onde são sustentadas pelo tom), surgem deslocadas na expressão escrita.

  utilize verbos activos

Partindo da observação de que o leitor prefere sempre o facto à opinião, convém evitar todas as expressões desse género (sem dúvida, é possível, etc.).

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A forma activa é sempre preferível à forma passiva ou negativa. Em vez de escrever: «pedimos nos desculpem por não podermos responder à vossa proposta antes de... », dever-se-á escrever: «responderemos à vossa proposta em...».

Os jornais, que nem sempre são modelares, devem ser, contudo, imitados neste ponto particular: «O Senado adopta a lei X», melhor que «A lei X é adoptada pelo Senado».

  respeite a regra dos 5 c

Estabeleceram-se cinco condições necessárias para tornar uma carta eficaz e, consequentemente, qualquer texto escrito:

O estilo deve ser: completo - cortês - claro - correcto - conciso

Deve-se poder responder sim às cinco perguntas seguintes:

«Disse tudo o que era preciso dizer e tratei todos os pontos?»

«Consegui evitar qualquer erro, qualquer detalhe inexacto?»

«O estilo é claro e a pontuação correcta, sem nenhuma possibilidade de equívoco ou de mal entendido?»

«Adaptei bem o estilo à personalidade do correspondente?»

«A carta é suficientemente curta, para ser lida inteiramente, e clara, para não cansar a atenção?»

Se não for assim, faça-a de novo.

 procure palavras concretas

É difícil compreender termos abstractos. Prefira sempre uma palavra concreta, que produza uma imagem. Isto nem sempre é fácil. Quando nos familiarizamos com um termo abstracto, temos tendência para esquecer essa sua condição. A arte da publicidade reside na criação de imagens que se gravam facilmente no espírito dos leitores: «A riqueza dos trópicos na vossa mesa".

Conseguindo ser verdadeiramente lido, chamar-se-á a atenção do leitor. Assim ficará capaz de agir conforme os seus desejos. Terá uma opinião mais elevada sobre si, quer seja o seu patrão ou um simples colega. Não terá necessidade de si para «esclarecer um ponto de detalhe».

Pode constatar que se escrever claramente, pensará também mais claramente. Acontece que um raciocínio confuso se dissimula sob uma amálgama de palavras. Numa frase curta e clara, o erro de raciocínio salta aos olhos.

Ao fim de certo tempo, quando tiver deixado os seus velhos hábitos, compreenderá que escrever de forma simples é mais fácil que o contrário. Escreverá ao mesmo tempo, melhor e mais.

SECRETAIRES D'AUJOURD'HUI, Março de 1961

 

 

 

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