Acesso à hierarquia superior.

Acerca desta publicação

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Estávamos em Março de 2014. Por esta altura, talvez devido ao frio que se fazia sentir nas manhãs deste mês, trocara o gabinete em que habitualmente trabalho, na Escola Secundária José Estêvão, pelo ambiente mais acolhedor de uma pastelaria aveirense, a poucos metros de casa.

Numa mesa da pastelaria, encostado a uma coluna, uma figura conhecida, mais de vista do que de conversa, chamou-me a atenção, com um chapéu de feltro enfiado na cabeça, apesar da ausência de sol, muito especialmente naquela zona mais no interior do estabelecimento. Talvez que não fosse do sol, que não se via há muito naquele dia cinzento, mas sim do frio que se fazia sentir e lhe protegia a central de processamento de dados, devido à ausência da indispensável cobertura capilar, tanto mais útil quanto mais o frio aperta.

De caneta na mão e uma folha em cima da mesa, este amigo de vista despertou-me de tal modo a curiosidade, que me levou a meter conversa. Andava a rabiscar, esclareceu-me ele, umas crónicas relacionadas com a E. P. A., a Empresa de Pesca de Aveiro, para publicação semanal num diário matutino da nossa cidade. Pareceu-me boa a ideia, que imediatamente apoiei. De conversa em conversa, dei-lhe a conhecer a existência de um espaço na Internet dedicado ao nosso património cultural. Para reforçar o meu apoio, peguei na tablete, que  trazia em vez do computador, e tirei-lhe uma fotografia, não apenas para que a sua imagem pudesse figurar semanalmente ao lado das suas crónicas, mas também para a poder incluir nas páginas dele, caso quisesse ser mais um dos muitos colaboradores do espaço «Aveiro e Cultura».

A partir daqui, deixámos de ser conhecidos apenas de um bom dia ou de uma boa tarde, conforme as horas a que nos encontrássemos, e passámos a reunir-nos regularmente no meu gabinete da escola, onde, desde 2001, venho mantendo de pé o projecto ligado ao Prof2000 do Ministério da Educação.

O contacto com o amigo Simões fez-me avivar memórias empoeiradas do meu tempo de criança nesta cidade de Aveiro. E, mais importante ainda, alertou-me para a existência da “Flâmula”, uma revista de periodicidade intermitente publicada pela EPA na década de 1960.

Entre a data inicialmente indicada no começo deste texto e o momento presente passaram-se praticamente dois anos. Em Abril de 2016 era colocada no ciberespaço a última crónica de João Pires Simões, pois é deste amigo que tenho estado a falar. Estavam terminadas as idas regulares dele à escola para verificação dos textos e colocação na Net, mas permanecia em mim o desejo de realmente conhecer a publicação de que o amigo Simões me dera a conhecer apenas umas escassas informações, por vezes insuficientemente claras e documentadas, porque, dizia ele, era muito difícil encontrar os exemplares desta revista. Lembro-me que o documento mais concreto que me mostrou acerca desta publicação foi uma cópia de uma imagem a cores com reduzida qualidade de um «estendal» de bacalhau, retirada de um exemplar da década de 1980.

O desejo de contactar directamente com os originais da revista, qual espevitador das antigas máquinas de cozinhar a petróleo, mexeu-me com os neurónios e trouxe-me à lembrança que conhecia familiares do grande obreiro da E. P. A., o Senhor Egas Salgueiro, e que uma das netas fora minha colega de profissão na mesma escola onde exerci durante vários anos. E uma das filhas até frequentava a mesma Academia Sénior onde sou formador. Assim sendo, nada mais fácil do que contactá-las e perguntar-lhes se, volvidos mais de quarenta anos após a publicação, ainda seriam detentoras dos exemplares publicados da “Flâmula”. Esta oportunidade surgiu pouco depois na Páscoa de 2016, durante o almoço de final de período da Academia de Saberes de Aveiro.

No começo do terceiro período, a D. Maria Celeste Oliveira Salgueiro de Seabra Ferreira, ou apenas Maria Celeste como todos a conhecemos, trazia-me a colecção completa: os oito exemplares publicados na década de 1960 e a revista comemorativa dos sessenta anos, editada em 1988.

Em 30 de Abril deste ano de 2016, dávamos início à estruturação e programação das páginas para a Internet. Após cerca de um mês de trabalho, todos os exemplares ficaram disponibilizados, à excepção deste texto «Acerca da publicação Flâmula», só agora começado a redigir na manhã do dia 18 de Junho, curiosamente na mesa ao lado daquela onde encontrei pela primeira vez o amigo João Pires Simões de chapéu de feltro enfiado na cabeça por causa do frio que então se fazia sentir.



Quais as características das publicações originais e que inovações introduzimos na versão electrónica? Quais as vantagens desta em relação à outra? E como fazer para obtermos versões fac-similadas dos originais?

Apesar das muitas vantagens das novas tecnologias da informação, mormente do material disponibilizado na Internet, nem tudo é um mar de rosas, como eventualmente se poderia supor, antes um mar com bastantes escolhos onde o cibernauta tem de navegar, especialmente nestes tempos mais recentes, com as maiores precauções. Somos desde os primeiros tempos aficionados das novas tecnologias; no entanto, temos de dar a mão à palmatória e concordar com aqueles que continuam a preferir o preto no branco, ou seja, o material impresso nos tradicionais suportes de informação. De facto, um livro ou uma revista não precisam de energia eléctrica para serem consultados, não ficam obsoletos ao fim de alguns anos e «inconsultáveis» se não forem transpostos para os novos sistemas operativos, em permanente mudança, e, sobretudo, com eles, não corremos o risco de uma avaria imprevista, como há pouco me sucedeu, obrigando-me a usar caneta e folhas de papel para rascunhar este texto – sim, isto mesmo que estou a dizer. De vez em quando e de forma inesperada, os computadores e as tabletes deixam-nos com cara de enterro. Frequentemente resolvem pregar-nos partidas e deixam de trabalhar, ou por avaria do sistema, ou por falta de energia. Neste caso concreto, para meu grande azar, não por falta de energia, mas por falha do sistema operativo.

Pensando em todos os que gostam dos documentos tal como foram impressos, em todos aqueles que gostam de folhear e ler ou mesmo tomar notas a lápis nas margens dos textos, foi por aqui que começámos o trabalho de recuperação da “Flâmula”. Para todos eles, no espaço de dois ou três dias, ficaram disponíveis na Internet em formato PDF as versões fac-similadas dos exemplares publicados.

O que deveremos fazer para obtermos documentos praticamente iguais aos originais?

A “Flâmula” só pôde ser lida oito vezes pelos aveirenses. Os oito exemplares são folhas A4 impressas frente e verso, dobradas ao meio e devidamente agrafadas, constituindo um caderno de formato A5, com um número variável de páginas, sempre múltiplo de quatro. O primeiro exemplar foi publicado em 1961, com um total de 32 páginas, ou seja, 28 páginas em papel normal mais quatro, em papel encorpado ou cartolina fina, correspondendo à capa. Os três boletins seguintes saíram em 1962, o segundo ano da sua publicação e nunca o primeiro, como erradamente pode ser lido nas capas. A partir daqui, apenas surgiu uma revista por ano, tendo havido uma lacuna em 1966, em que nada foi publicado. Para economizarmos palavras e tornarmos mais elucidativa esta explicação, apresentamos um quadro com a periodicidade e o número de páginas.

 
N.º Ano Data págs. + K
1 I 1961 28 + 4 = 32
2 II 1962 32 + 4 = 36
3 II 1962 28 + 4 = 32
4 II 1962 44 + 4 = 48
5 III 1963 52 + 4 = 56
6 IV 1964 48 + 4 = 52
7 V 1965 40 + 4 = 44
8 VI 1967 40 + 4 = 44

Para obtermos cópias idênticas aos originais, deveremos descarregar da Net os ficheiros em PDF e mandá-los imprimir frente e verso, na posição horizontal, de preferência a cores. Em seguida, resta-nos dobrar as folhas A4 ao meio, agrupá-las num caderno devidamente ordenado e agrafá-las.

Se quisermos uma reprodução ainda mais idêntica aos originais, poderemos mandar imprimir as duas primeiras páginas A4, sempre frente e verso, em papel mais encorpado ou em cartolina fina de cor branca, e as restantes em papel normal.

O último exemplar da “Flâmula” é um número especial em formato A4, publicado em Maio de 1988, para comemoração dos 60 anos da E. P. A. Neste caso, para obtenção de um exemplar fac-similado com 36 páginas, teremos de recorrer a uma impressora que suporte o formato A3. Deveremos mandar imprimir as folhas na posição horizontal, frente e verso, e também a cores, se quisermos uma cópia rigorosamente idêntica ao original. Dobradas as folhas ao meio e formado o caderno no formato A4, resta-nos agrafá-lo e teremos uma reprodução fiel da revista tal como saiu. E esta reprodução fac-similada tem sobre a versão electrónica a vantagem de apresentar a totalidade das páginas, uma vez que eliminámos toda a publicidade.

Vejamos agora as características e vantagens da versão electrónica em relação à tradicional e analisemos as alterações introduzidas ao longo da recuperação deste espólio documental.

À semelhança do que temos vindo a fazer com outros documentos, procurámos manter rigorosamente os conteúdos originais e conferir-lhes uma apresentação agradável e de fácil leitura, mesmo quando no original a leitura se faz com dificuldade por diversos motivos. Relativamente ao material publicado, introduzimos duas rubricas importantes, geralmente não existentes na maioria das publicações impressas: um índice geral de conteúdos e um índice onomástico. Mas destes falaremos mais adiante.

Na versão electrónica praticamente todos os objectos, exceptuando uma ou outra imagem de menor interesse ou cuja qualidade não permite grandes voos, são interactivos, o que significa que, clicando sobre eles, obter-se-á a correspondente reacção.

O cabeçalho de todas as páginas funciona como um botão de acesso à hierarquia superior. O que quer isto dizer? Vejamos um caso concreto. Quando nos encontramos no primeiro de todos os índices e seleccionamos, por exemplo, «boletins interactivos», ao clicarmos aqui entramos imediatamente na listagem de todos os boletins. Se clicarmos em «Revista 3», vamos para o índice de conteúdos ou página de sumário. Clicando-se numa das rubricas listadas, vamos parar ao artigo pretendido. E atingimos a base da pirâmide. Se quisermos efectuar o percurso inverso até à página de onde partimos, bastar-nos-á ir clicando nos cabeçalhos das páginas. E se o continuarmos a fazer, acabaremos mesmo por sair da secção das «Flâmulas» e iremos parar à página principal do projecto comunitário «Aveiro e Cultura».

Se quisermos folhear as revistas como se tivéssemos na nossa frente as versões impressas, não teremos mais do que clicar nos botões existentes no fim das páginas. Tal como nos originais, poderemos mudar para as anteriores ou seguintes. E neste caso estaremos a efectuar uma leitura seguida. Mas poderemos limitar-nos a consultar os índices e ir apenas para aquilo que nos interessa.

Ao longo da leitura das páginas iremos verificar que, frequentemente, a cor do texto muda. Que motivo nos levou a estas mudanças «folclóricas» de cor? Procurámos apenas reproduzir o que acontece nos exemplares impressos. Embora todas as revistas sejam monocromáticas, a verdade é que as cores dos textos e imagens variam de página para página. E, não raras vezes, são utilizadas cores de tal modo claras, como por exemplo as páginas a verde, que a leitura se torna difícil por falta de contraste. Na versão electrónica, mantivemos as mesmas cores, mas utilizámos tonalidades mais escuras para facilidade de leitura.

Outro caso criticável e que, possivelmente, seria moda na década de 1960, é cobrir as imagens com uma mancha de tinta vermelha, tornando-as quase ilegíveis. Na versão electrónica, clicando-se nestas e em quase todas as imagens teremos acesso a uma reprodução em formato maior e na cor original da época, ou seja, poderemos ver uma imagem a preto e branco, cuja qualidade, infelizmente, não é a que gostaríamos de apresentar. Infelizmente, volvidas várias décadas, não é possível aceder às fotografias originais para uma digitalização com qualidade. A menos que alguns autores ainda estejam entre nós e as cedam por uns instantes, para sua digitalização, ou que os seus herdeiros ainda as conservem e as queiram emprestar para as dar a conhecer à comunidade.

Vejamos agora, de forma sintética, quais as alterações mais significativas entre os originais e as versões disponibilizadas na Internet que fomos registando à medida que reconvertíamos as publicações.

No boletim n.º 2, a péssima qualidade das imagens, para cúmulo cobertas com tinta azul, fez com que nos limitássemos a reproduzi-las num formato diminuto. Intencionalmente, imitámos os boletins, reproduzindo as imagens não de forma normal, isto é, devidamente enquadradas, mas ocupando simultaneamente a margem e a mancha textual.

No boletim n.º 5, na versão fac-similada, suprimimos a parte desdobrável, existente nas páginas centrais, com o desenho de uma lareira com as prendas do Menino Jesus, em direcção à qual dois miúdos, um dos quais com uma vela na mão, se dirigem. Este desenho da lareira com as prendas fica por detrás da página 25 e do texto alusivo ao Natal. Não foi possível reproduzir rigorosamente na versão fac-similada; mas é possível consultá-la na versão electrónica.

Há páginas em alguns boletins que apresentam as letras e as imagens numa cor esverdeada de difícil leitura. Para colmatar este problema, escurecemos o texto e as imagens, aumentando o contraste, de modo a que nos fac-símiles a leitura seja feita com maior facilidade.

No boletim n.º 6 existe um desdobrável omitido na versão fac-similada devido ao seu enorme tamanho (A3). Este desdobrável fornece-nos a planta de toda a área ocupada pela E. P. A., com a indicação das diferentes secções. Para sua consulta, deverá recorrer-se à versão digital em formato html.

Por vezes, ainda que raramente, quando o conteúdo de uma página é de reduzido interesse do ponto de vista cultural e histórico, reproduzimo-la convertendo-a numa imagem.

O Boletim ou revista dos 60 anos da E. P. A., publicado em Maio de 1988, não apresenta nada que se assemelhe a um índice ou a um sumário. Não obstante, para facilidade de consulta, mantivemos o esquema seguido para os boletins anteriores. Na versão electrónica, suprimimos todas as páginas com publicidade, apenas transcrevendo os textos com interesse. Para conhecimento do original, aconselha-se a consulta ou, melhor ainda, a impressão da versão fac-similada em PDF. Deverá mandar-se imprimir em folhas A3, frente e verso, que depois deverão ser dobradas e agrupadas, formando um caderno com 34 páginas, isto se também considerarmos as capas como páginas. Depois de tudo agrafado, teremos uma versão impressa fac-similada do original.

 

Penso que o mais importante está dito. Falta-nos uma breve referência aos dois índices criados para a versão electrónica: Índice Geral de Conteúdos e Índice Onomástico. A grande inovação da versão electrónica relativamente ao formato impresso é precisamente a inclusão destes dois índices interactivos, que facilitam a pesquisa a vários níveis, quer pela consulta directa dos mesmos, quer por intermédio dos actuais motores de busca.

O Índice Geral de Conteúdos apresenta-nos os títulos dos artigos e diferentes rubricas das revistas, e também elementos-chave inseridos nos textos, permitindo que o leitor rapidamente encontre e seleccione aquilo que pretende. Suponhamos que necessitamos de saber os nomes dos barcos da frota da E. P. A. A solução passa por procurar na listagem o texto correspondente e clicar no rectângulo colorido existente no final da frase. Teremos acesso imediato ao número da revista que o apresenta e à página onde ele se encontra, sem necessidade de estarmos a folhear todos os exemplares da revista. Mas se sabemos os nomes dos navios, basta-nos localizá-los na listagem alfabética e temos a indicação dos vários artigos em que deles se fala.

As «Flâmulas», como poderemos verificar lendo-as, são revistas que, à semelhança de outras da época, apresentam diversas rubricas, destinadas a todos os leitores em geral. Por exemplo, que receitas foram fornecidas na secção dedicada às leitoras? Procuremos na listagem de conteúdos a rubrica Gastronomia, ou, se esta palavra não figurar, outra correspondente, como Receitas ou Culinária. Experimentem fazer isto e verifiquem qual a entrada que utilizámos. A palavra «Gastronomia» remete-nos para «Culinária», o mesmo acontecendo com «Receitas de Culinária». Portanto, é fácil localizar a palavra-chave. Uma vez localizada, deparamos com a listagem alfabética de todas as receitas fornecidas ao longo dos diversos números. Clicando no rectângulo a seguir a cada uma, acedemos à página respectiva.

A melhor forma de descobrirmos as vantagens do Índice Geral de Conteúdos é consultando-o e clicando nas diferentes rubricas.

O Índice Onomástico apresenta-nos os nomes de todos os autores e também de todas as pessoas referidas nos diferentes artigos e rubricas, listados por ordem alfabética a partir do último nome. Por norma nunca se indicam nomes de pessoas quando estas são apenas referidas por um ou dois nomes. Todavia, abrimos algumas raras excepções. Se as pessoas da época da publicação da «Flâmula» tiveram alguma relação mais notória com a Empresa de Pesca de Aveiro e foram mencionadas ou evocadas, os seus nomes irão seguramente aparecer no Índice Onomástico. À semelhança do anterior, clicando-se no rectângulo no final de cada linha,  vai-se directamente para página onde o nome está registado.

Melhor do que todas as nossas palavras explicativas será a consulta dos índices e a partir deles ir para as rubricas que suscitem interesse. Assim sendo, damos por concluída esta breve apresentação do trabalho realizado, fazendo votos que a sua leitura seja proveitosa e, sobretudo, deixando um apelo aos autores eventualmente ainda vivos ou aos seus herdeiros. Pedimos-lhes que verifiquem se ainda possuem as fotografias, não apenas as que foram reproduzidas nos artigos, mas outras relativas à E.P.A., e que no-las emprestem por um breve espaço de tempo, para as podermos digitalizar e colocar à disposição de toda a comunidade no espaço colectivo «Aveiro e Cultura», ao qual temos acesso graças às nossas entidades educativas, muito especialmente às envolvidas no Projecto Prof2000 do Ministério da Educação.

Aveiro, 28 de Junho de 2016
Henrique J. C. de Oliveira

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