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Muzeu regional de Aveiro

 

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Este muzeu ainda em organisação, mas que um distinto critico d'arte, sr. Antonio Augusto Gonçalves, classificou já como o terceiro do paiz, está instalado no antigo convento de Jesus, fundação do seculo XV, na parte contigua á egreja e claustro, para tal fim cedida por decreto de 23 de agosto de 1911 e que dele fazem parte integrante. Aquela, conserva-se, como os dois córos e capelas interiores, com a mesma disposição de sempre. Neste, na galeria superior, está sendo colocada uma série de paneis em azulejo de figura em azul, de tapete, e polichromicos, nas paredes até agora nuas; na inferior desde muito inteiramente azulejada, estão alinhadas deferentes predelas, encasamentos, estatuas, baixos relevos e brasões em calcarlio, na sua maioria bom trabalho esculptural, e que vieram de maior realce ás magnificas portadas em estilo gothico e renascença que tambem já ali existiam.

Estas pedras são restos de mais largas composições, e provém, em grande parte, das demolidas egrejas de S. Miguel e da Vera Cruz, do antigo palacio dos Tavares, senhores de Mira e da dizima do pescado da ria de Aveiro, convertido em paço episcopal em meados do seculo XVIII.

Entre as pedras armoriadas encontram-se os brasões das Souzas (Lafões) e os dos Aveiros. Estes, picados em virtude da sentença da Junta de lnconfidencia de 12 de janeiro de 1759, encontravam-se désseminados pelas diferentes ruas da cidade, demarcando as propriedades do ducado, que D. João III creou em 1547, e esta sentença extinguiu.

Tambem ali se encontra, trazida do vizinho logar de Verdemilho, a pedra do armas do avô paterno de Eça de Queiroz, o desembargadôr Joaquim José de Queiroz, um vintista, secretario da Junta do Porto em 1828, saldanhista na emigração e que apóz o triunfo do constitucionalismo em 1834, pediu e obteve carta de brasão, aristocratisanclo assim a sua origem plebêa.

As restantes colecções do muzeu encontram-se instaladas em diferentes salas do edificio, pela seguinte forma:

 

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Sala A – Da escada principal tomando-se á esquerda. Figuras de barro cosido, coloridas na sua maioria; vasos de jardim e outros produtos das ha muito extintas olarias de Aveiro. Um presépio, Nossa Senhora, o Menino e S. José, grande e delicioso grupo; a Virgem numa gloria de anjos, trabalho dum antigo e distinto artista aveirense, datado e assinado; a fugida para o Egito, a Virgem com o menino ao colo sobre uma mula; peças da antiga louça de Estremoz; caixilhos de chumbo de pequenas janelas, azulejos espano-arabes e nacionais, dos seculos XVI e XVII; S. João Evangelista, roupagens pintadas e douradas, estilo recoco etc. etc.

Sala B – Em frente da escada.

Altares, retábulos, ediculos, oratorios e maquinetas de talha dourada e pintada, de diferentes estilos; sacrario decorado com pequenas colunas salomonicas; credencias, plintos, misulas, castiçais de banqueta e tocheiros de madeira esculpida; grande escaparate de madeira pintada com aplicações de talha antiga, contendo avultado numero de jarras e vasos para flores de forma ovoide, cilíndrica, bojuda, piriformes, e com trez e cinco articulações em forma de leque, outras peças de faianças nacional, algumas com as marcas das respectivas fabricas; estatuas em madeira de bela encarnação e pujantes roupagens pintadas, em estofo, algumas com bordaduras ornadas de pedras.

Em comunicação imediata com esta sala fica a cela de Santa Joana Princesa, convertida em capela em 1739. E' toda revestida de talha dourada emoldurando diferentes pinturas representativas de factos da vida da mesma princesa, conforme a descrição que dos mesmos faz frei Luiz de Sousa.

Ao saír-se desta sala, pelo lado norte, encontra-se uma escada de pedra que conduz ao andar superior. Junto dela, nesta especie de vestibulo, onde ha um bom retabulo, um frontal e diferentes ornatos de talha, depara-se com a caixa do coche de gala do 1.º bispo de Aveiro, prelado de origem nobre, elegante e faustuoso.

Sala C – Fica no pavimento a que dá acesso aquela escada. E' a galeria de pintura do Muzeu. Uns quarenta e tantos quadros de pintura em madeira, tela e cobre. Os pintados em taboa opolentam a sala. São do grande cyclo da pintura nacional; pertencem á categoria dos chamados quadros goticos. Em alguns, é manifesta a influencia flamenga e italiana.

Dois tripticos. O maior quando fechado, mostra as armas das Almeidas á direita e Noronhas á esquerda. Aberto, representa tres apóstolos S. Simão, no centro, S. Tiago, o Menor, S. Judas. O mais pequeno é, …