ANA TEIA, BIÓLOGA DO CRIP /
INIP
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A Aquacultura na reconversão do salgado |
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O tipo de trabalho do Centro Regional / INIP (Instituto Nacional de
Investigação Piscícola) consiste em investigar o máximo da vida costeira
e lagunar e servir de apoio no desenvolvimento regional.
Trabalho fundamental na área-problema do Salgado.
S.A. – Que tipo de flora cresce nas salinas?
A.T. – Muito poucas são as espécies que aguentam salinidades tão
elevadas. Só no viveiro, onde entra a água directamente dos esteiros, se
encontram a flora e a fauna transportadas do mar.
A única alga que aguenta a forte salinidade dos cristalizadores é uma
micro-alga, a Dunaliella, responsável pelas manchas avermelhadas que se
observam, por vezes, no sal.
S.A. – O INIP estuda o tipo de peixes que existem nas salinas?
A.T. – Sim, uma vez que as salinas começam a ser abandonadas por falta
de rendibilidade económica da produção do sal. E então, partindo da
experiência do marnoto, que já utilizava o peixe do viveiro, pensou-se
transformar toda a salina num viveiro.
S.A. – E que peixes é que se
iriam criar?
A.T. – Aqueles que naturalmente já lá existiam: enguias, linguados,
tainhas, robalos; e daí o interesse do INIP em começar a estudá-los. E
são as espécies referidas que, por mais habituadas e adaptadas ao meio,
devem ser criadas.
S.A. – Que informações mais detalhadas nos pode dar sobre esses estudos?
A.T. – O problema do sal, em si mesmo, não é connosco, e sim com a
Cooperativa do Sal, marnotos e outros organismos. O nosso trabalho no
salgado é mais de apoio a particulares que querem fazer aquacultura,
cultura de peixes e bivalves, nas salinas que já não estão a sal.
Nós não vamos lá oficialmente colocar os peixes e estudar o seu
crescimento, mas, a pedido de particulares, damos apoio no sentido de
lhes indicar as espécies a criar e como devem ser tratadas,
conhecimentos que temos vindo a obter do estudo dos ecossistemas lagunar
e costeiro.
S.A. – Que tipo de peixe está adaptado a ambientes tão salgados?
A.T. – Só existe peixe nos viveiros, isto é, onde a salinidade é igual à
dos esteiros; nos restantes compartimentos, não existe peixe. No
entanto, do viveiro ao cristalizador, encontra-se um crustáceo, Artemia
Salina, espécie eurialina, que tem uma particularidade: quando o meio se
torna desfavorável, cria uma membrana, enquista-se protegendo os ovos.
Estes quistos são, posteriormente, por nós tratados e utilizados na
alimentação dos peixes em aquários.
Como vêem, a criação da artemia constitui o alimento natural de algumas
espécies de peixes criados, aqui, em aquacultura.
S.A. – Que acontece às salinas que deixam de produzir sal?
A. T. – Ou são puramente abandonadas, acabando por serem destruídas, ou
são transformadas em áreas de aquacultura onde se criam espécies
piscícolas que hoje já escasseiam nas águas do mar.
S.A. – Como se tratassem de reservas naturais?
A.T. – Sim, porque a estas espécies tratadas "em cativeiro" é-lhes
fornecido o alimento natural que entra com as marés, podendo dar-se-lhes
um pouco de alimento artificial, o que nem sempre é conveniente.
No estrangeiro, mas aqui é proibido, em ambientes semelhantes, é costume
aumentar artificialmente a quantidade de fosfatos e nitratos das águas
que, sendo, necessários à fotossíntese, provocam um maior
desenvolvimento da flora. Só que este processo provoca a contaminação da
água dos esteiros que passa para os canais maiores, Isto é, aumenta o
nível de poluição química das águas da laguna.
S.A. – Condena, portanto, nesta situação, a prática da cultura
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/ intensiva?
A.T. – Sim, a opção deve ser a policultura extensiva em concordância com
o meio. Sabem que um dos alimentos dos peixes dos viveiros é a "cabra",
uma espécie de mini-camarão, frequente na área do salgado e é apanhada
nas salinas activas e lançada nas áreas de aquacultura.
No apoio que damos aos particulares, esclarecemos que não podem colocar
espécies que se comam umas às outras ou a mesma espécie de tamanhos
extremos e que tem de haver uma determinada proporção entre espécies
herbívoras e carnívoras de modo a assegurar-se o equilíbrio do sistema.
Opinião do grupo:
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1 – Nem todo o salgado actual pode produzir sal.
2 – A aquacultura é uma alternativa na reconversão de algumas salinas.
3 – A reconversão não pode ser feita sem a cooperação de técnicos e a
sabedoria dos marnotos.
4 - É possível conciliar o desenvolvimento económico com o equilíbrio
ecológico. |
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Artemia
Salina |
Sandra, Luís, Samuel |