|
 |
 |
|
farol n.º 30 - mil novecentos e sessenta e oito ♦ sessenta e
nove,
págs. 14 e 15. |
|
|
|
INTERVALO POÉTICO |
|
Vem! |
|
J. Raposo
Vem, noite de fantasmas roxos,
e deixa o teu manto
cobrir as feridas imundas
desta existência de luas negras, muito negras.
Vem, noite de castelos cintilantes,
e abafa os berros dos pobres de espírito
que não cessam de proclamar em vão o impossível.
[ Loucos I]
Vem, noite de gigantes perdidos,
cala a voz da luz para que possamos
escutar mais de perto
o silêncio do desespero.
Vem, noite!
[ou não venhas, que o Sol da miséria humana
te pode encher de espinhos!] |
|
|
|
Quando... |
|
Daniel Tércio
Quando olhares
uma estrela, e a amares;
Quando beijares ternamente uma flor,
Quando olhares, bem de frente, o sol;
Quando acariciares a relva,
Quando afagares um cão,
Quando vires o bom no mau e o forte no fraco;
Quando escreveres como eu,
Quando te sentires o homem mais feliz...
então... tu amas!... |
|
|
|
Mensagem a um jovem |
|
Guida Maria
Jovem,
Procura o bem,
Jovem,
Pratica o bem
Jovem,
Confia em Deus,
Jovem,
Entrega-te a Deus,
Jovem,
O mundo espera por ti
Jovem,
O mundo confia em ti,
Jovem,
Se confiar
Esperar,
Procurar o bem,
ter confiança
ter esperança,
É ser jovem,
Então
Sê Jovem |
|
|
|
Mistérios da Noite |
|
Ema Manuela da Silva
A noite desce...
Ouvem-se os grilos,
Os ralos e as rãs.
Numa misteriosa harmonia...
Os morcegos volteiam
E procuram insectos
Incautos, que circundam
Uma luz tão pequenina
Que mal alumia...
Pirilampos,
Brilhando no breu
Desta noite misteriosa,
Cintilam sem cessar.
Como estrelas fulgurantes,
Vindas do céu.
O murmúrio de um regato.
Canção dolente,
Adormece por instantes
Os nossos pensamentos.
Bons ou maus,
Num sonho inocente.
Ouvem-se pios
De aves nocturnas;
Que se escondem de dia,
Vivendo na noite,
Tranquilas, sem medo,
Como pura magia...
São estes os mistérios da noite.
As sombras e os fantasmas,
Os ruídos tementes!...
Mas são reais
E não pura pura fantasia
Os encantos das noites de Verão.
Calmas, amenas e quentes. |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
