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farol n.º 22 - mil novecentos e sessenta e seis ♦ sessenta e sete, págs. 20 e 21.

O amor da Pátria

pode mostrar-se no exercício da profissão

Maria Manuela Patrício
(6.º ano)
 

Todas as profissões são honrosas, quando exercidas com consciência, e todas nos merecem o maior respeito. Todos os trabalhadores são úteis à sociedade e ao país onde exercem as suas funções.

Evidentemente que há profissões que exigem maior preparação física ou intelectual. Porém, todas são interdependentes. O sábio, o intelectual, o artista plástico não pode prescindir do operário que maneja a ferramenta, do lavrador que cultiva a terra, do padeiro que fabrica o pão, etc.. E todos concorrem para a harmonia e bem-estar da sociedade.

Há todavia um sentimento íntimo que leva o profissional a exceder-se no exercício da sua profissão com a ideia fixa de que o seu trabalho ou o seu invento, consiste a admiração dos aplausos dos seus confrades de outros países. Esse sentimento, que alguns podem classificar de orgulho, não é mais do que o Amor da Pátria.

O seu trabalho ou o seu invento excepcionais honram a sua Pátria e dão-lhe nome. O médico que descobre a cura duma doença, torna-se imortal e o seu nome anda ligado ao da sua Pátria que ele tanto prestigiou.

O sábio, que descobriu uma nova teoria, que soluciona processos antiquados, chama a atenção do mundo inteiro para si e para o país que o viu nascer.

E assim, nesta ordem de ideias, podemos afirmar que todo aquele que exerce a sua profissão com brio e consciência, concorre para o progresso e prestígio da sua Pátria.

A nossa História está cheia de exemplos que confirmam os conceitos expostos. Por exemplo: Gago Coutinho amou tanto a sua Pátria e a sua profissão de Oficial da Marinha e Aviador, que aperfeiçoou o / 21/ sextante para a navegação aérea, chamando a atenção para Portugal de todo o Mundo culto.

Egas Moniz, o sábio médico que descobriu a Angiografia, prémio Nobel de Medicina, é também um exemplo de amor, estudo e dedicação à sua profissão.

Malhoa, grande pintor, honrou a Nossa e sua Pátria, expondo em Paris telas que fizeram a admiração dos estranhos.

Foi o amor da Pátria que levou o cego Afonso Domingues, combatente de Aljubarrota, a reerguer a abóbada da sala do capítulo ao Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido por Batalha, depois de ter sido afastado das obras como inútil.

Mas os exemplos podiam multiplicar-se indefinidamente não só em relação ao nosso País, mas também a muitos outros.

O Amor da Pátria pela profissão faz com que o trabalho seja menos custoso e mais perfeito.

 

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08-06-2018