Teve lugar no dia 24 de
Março a Comunhão Pascal no nosso Liceu, sendo a missa celebrada
por S. Ex.a Rev.ma o Senhor Bispo de Aveiro. Estiveram presentes o sr. Reitor,
alguns Professores e a grande maioria dos alunos, que encheram completamente o
ginásio.
Finda a cerimónia, foi servido no refeitório um pequeno lanche,
durante o qual usaram
da palavra os colegas Carmen Rosa, do 6.º ano e Jorge Abreu, do 7.º, dos quais transcrevemos os seus
simples, mas
agradáveis discursos.
A nossa colega Carmen Rosa disse:
Ex.mo Senhor Bispo, Sr. Reitor, Sr.s Professores, caros Colegas.
Não podíamos deixar passar estes breves momentos de convívio sem
dizer do nosso muito
obrigado a todos.
Ao Ex.mo Sr. Bispo, pela sua presença, já absolutamente indispensável
na nossa
Comunhão Pascal e que tão querida é de todos nós.
Ao Ex.mo Sr. Reitor,
sempre tão solícito nos problemas que nos dizem respeito, e que tão simpaticamente pôs à disposição a Cantina,
ofereceu este lanche, e nos proporcionou, enfim, tudo, para que mais uma
vez a Páscoa se festejasse condignamente entre nós.
Os nossos agradecimentos vão também para todos os nossos
Professores, tão amigos e dedicados, prontos a ajudar-nos sempre e a
desculparem tantas faltas, por vezes cometidas inconscientemente.
E não poderíamos esquecer os Colegas, amigos no dia a dia, camaradas
a todas as horas, companheiros de alegrias e folguedos e também
igualmente camaradas nas horas tristes.
Estas breves palavras não pretendem mais do que expressar, talvez
não tão condignamente quanto desejaríamos, toda a nossa gratidão
por
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tudo o que, em cada dia, no nosso Liceu se faz, para que um dia
mais tarde, sejamos, com a Graça de Deus, pessoas felizes,
conscientes do dever e do caminho a seguir e do apostolado a
realizar.
Por tudo, o nosso muito obrigado!
Por sua vez o finalista Jorge Abreu, em palavras repletas de
sensibilidade, falou-nos ao coração:
Excelência Reverendíssima, Excelentíssimo Senhor Reitor,
Senhores
Professores, caros colegas:
Este arremedo de discurso não é mais do que
o grito de um
jovem, que sente como todos os jovens, e, talvez por isso
mesmo, ele possa ter o valor de se chamar voz geral.
De facto, após uma cerimónia comovente, como foi a missa em que
participámos há pouco, nada há que dizer que não seja do conhecimento de todos. E é essa a dificuldade: mostrar por
palavras o que nos vai dentro.
Disse alguém que a felicidade é qualquer coisa de inatingível,
qualquer coisa que paira acima de nós e temos a sensação de poder
agarrar. É inatingível sim, pois que, quando ilusoriamente a tocamos, sentimos um vácuo,
ao vermos quão mais alta ela está!
Mas eu ousaria afirmar que alguns de nós a tiveram hoje.
Tudo
começou, quando, num acto mais que humano, nos arrependemos e
reconhecemos os nossos erros. Invadiu-nos uma paz, que eu não
sei descrever; sentimo-nos bem, alegres, joviais como nunca. Veio
depois
a missa e um arrepio estranho, mas muito bom e muito doce
tomou-nos inteiramente. Ao entoar aqueles cânticos, ao
sentirmo-nos não nós, mas vozes que agradecem ao Senhor, tivemos a
impressão de ter atingido a
tal utópica felicidade. E ao receber a Hóstia sagrada já não somos
aqueles seres estranhos e egoístas, mas somos todos irmãos, todos
tão iguais e tão bons, despidos de superfluidades e banalidades. Se
nas aulas amuamos com qualquer colega, hoje tudo isso
desapareceu; hoje um coro de anjos desceu do céu à terra para
nos ajudar. Já não vemos nos outros, colegas ou professores.
Vemos irmãos, seres como nós próprios, que têm um ideal e querem cumpri-lo.
Agora mesmo ainda estamos a viver esse ideal. E tenho medo, e quero crer que todos nós
o temos, desse mundo que fica para lá
do Bem. Se dentro de nós sonhamos com mantermo-nos sempre assim,
esse mundo não se contenta com sonhos. Mas só quem tem medo,
tem coragem. E já não creio, acredito piamente, que nós a temos e
havemos de penetrar no exterior, olhar no céu, mas pés na
terra, prontos a ser outros, a caminhar no trilho da Justiça e
do Bem. Queremos e havemos de vencer.
Somos jovens e os jovens são os homens de amanhã. Por
isso a
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Igreja, que é de todos, nos abriu os braços maternais e nos chamou.
E nós, jovens, respondemos que sim, incondicionalmente que sim. Será
com o coração palpitando de alegria que nos acolheremos nesse
amplexo. E então seremos fortes, porque já não lutamos sozinhos e,
assim, a mensagem de Cristo será, cada vez mais, uma realidade.
Essa União está representada na figura eternamente jovem do nosso
Bispo. Ele é a Igreja que nos abriu o coração, e a que nós nos
acolhemos.
E depois desta fusão, ele e nós já não somos estranhos, somos a
Igreja do Senhor.
Por isso mesmo, é de
coração nas mãos que dizemos: Muito obrigado,
Senhor Bispo!
No final, o Sr. Reitor referiu-se à presença sempre amável do nosso
Bispo, que é um Amigo que, embora fora do Liceu, conhece os nossos
problemas e se preocupa connosco. Sua Ex.ª Rev.ma teve palavras de
agradecimento e de carinho, palavras essas que
vieram ao nosso encontro e nos fizeram sentir mais intensamente a
sua alegria, a sua juventude. Afinal, ele quer ser um jovem como
nós, com o coração sempre jovem! |