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farol n.º 21 - mil novecentos e sessenta e cinco ♦ sessenta e seis, págs. 3 e 4.

Portugal de Além-Mar

Impressões de uma viagem a ANGOLA

Eduardo Jaime O. Mortágua
(7.º ano)

 

Encontrei-me, na manhã do dia 30 de Julho de 1965, na amurada do belo paquete português «PÁTRIA», acenando, acenando... Lisboa ficava cada vez mais longe. A ponte sobre o Tejo, o Padrão dos Descobrimentos, a Torre de Belém, o Forte de São Julião da Barra, reduziam-se a uns minúsculos pontos no horizonte. Depois, dentro de mim, crua impressão de vazio. E, assim, cheguei a um ponto em que os meus olhos só abrangiam duas identidades: mar e céu...

O dia decorreu... A noite caiu... Ouvia música, para apagar a impressão de vazio que sentia. Quando, na tarde seguinte, subi ao convés, para refrescar o espírito, já mais alguma coisa via além de mar e céu; diante dos meus olhos, recortava-se a silhueta da fantástica Ilha de Porto Santo. Mais algumas horas e a Ilha da Madeira emergia de sobre o mar. Tive, novamente, a agradável sensação de terra firme, não afectada pela ondulação do mar. Depois, novamente, mar e céu... De longe em longe, um barco era um motivo de distracção para os meus olhos. Mais alguns dias e a Baía de Ana Chaves aparecia, na madrugada do dia 8 de Agosto, no horizonte. A cidade de São Tomé é aprazível e acolhedora. De um passeio irrepreensível espraia-se ao longo da vasta Baía de Ana Chaves, cortada por avenidas largas e bem asfaltadas.
/ 4 / Mas, viagem a bordo do paquete «PÁTRIA» ainda não tinha terminado. Novamente, mar e céu. Passeios no convés, bailes, animação, passagem do Equador com o «Tribunal de Neptuno» a julgar os »caloiros» condenados a banho forçado na piscina...

Enfim, numa manhã cinzenta, o barco atraca ao cais de uma vasta baía, onde o ócio é desconhecido. Era chegado à surpreendente cidade de São Paulo de Assunção de Luanda.

Luanda é, na verdade, uma cidade maravilhosa, em que os seus arranha-céus se espelham nas águas da baía como que a saudar-nos, com uma avenida marginal que é algo de fantástico.

Mas, infelizmente, não me pude conservar eternamente em Luanda. Em breve parti para as cidades de Salazar e Malange, duas cidades que encantam pela sua simplicidade. Regressei a Luanda para, horas mais tarde, me dirigir a Nova Lisboa, Benjucha, Lobito, Sá da Bandeira e Moçâmedes. De todas estas cidades, Lobito é, de facto, a cidade que mais me encantou. Lobito é uma cidade moderna, encantadora e em progresso vertiginoso.

De Moçâmedes regressei a Luanda, onde me conservei até à data de regresso à Metrópole. Foi então que pude apreciar, verdadeiramente, a cidade de Luanda. Nestes últimos dias de estadia em Luanda, pude, minuciosamente, observar todos os pormenores que mereciam atenção. Depois de uma visita rápida, fiquei com dúvidas se continuaria a ser o Porto a segunda cidade do País.

 

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08-06-2018