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farol n.º 14 - mil novecentos e sessenta e quatro ♦ sessenta e cinco, pág. 12.

Intervalo Poético

Apelo na Noite

Armanda Oliveira

 

A Terra arfa! Escuto um suspirar,
Uma oração, sonhos esfacelados
Rasgados pelo vento, a vaguear
Num mundo de ideais não alcançados.


Ó meus queridos sonhos, já sonhados,
Arrastai-me convosco pelo ar.
Quando vos apartais levais bocados
De mim própria. E fico a soluçar...


A noite é minha: sabe os meus anseios
Que eu lhe conto em segredo, a murmurar
E estremece! E sente os meus arquejos!


E seca as minhas faces de chorar!
Só não quer compreender os meus desejos
Dos meus sonhados sonhos alcançar...
 


O FIM

Agostinho Vidal de Pinho
 

Soa a Trombeta Triunfal.
E as suas notas metálicas
Fazem tremer todo o mortal...
O Sol apaga-se
A noite surge,
A Lua rasga-se,
O vento ruge.
O mar assola-se,
A Terra estremece,
A fonte evola-se,
O rio desaparece.
O Tempo pára,
A árvore queima-se,
A montanha esfuma-se...
O Homem acabara.
Ouve-se então uma Voz:
«Levanta-te e caminha.»
E o Homem endireita-se,
Ergue os olhos para Cima
E ruma no Espaço Infinito.

 

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08-06-2018