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farol n.º 13 - mil novecentos e sessenta e três ♦ sessenta e quatro, pág. 22.

Intervalo Poético

Noite Calma

M. Luz

 

A noite é doce, tranquila e calma,
As aves recolhem-se ao calor dos ninhos.
Repercute-se no ar o som dos sinos.
E uma doce paz me penetra a alma

Ouço das águas ao longe o marulhar
O trinar do rouxinol que além poisou
O assobio de alguém que aqui passou
E, da fresca brisa, o leve deslizar.

A vida pulsa no coração da terra,
A vida vibra e seu vibrar encerra
O que queremos sem podermos agarrar.

A paz é intensa. Um torpor dolente
Se apodera de mim: sinto-me contente
E, em êxtase,  curvo-me a soluçar.


Primavera

A. Vieira da Silva
 

A Primavera chegou...

Mas a chuva cai,
Fria,
Sem dó de ninguém.
Cai
Do alto dos céus.
Fria,
Que tristeza tem...

A Primavera chegou...

Mas o vento sopra,
Melancolicamente,
Vergastando o rosto
Do pobre mendigo
Que anda, tristemente,
Em busca de abrigo.

A Primavera chegou...

Mas tu não chegaste...
Não quiseste vir.

A Primavera chegou...

E eu,
Não te vi sorrir.

 

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08-06-2018