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farol n.º 7 - mil novecentos e sessenta e um ♦ sessenta e dois, pág. 7.

Saudades...

António Vieira da Silva
(5.º ano)

vezes que sinto pena
De ter que viver aqui,
Pois amo a aldeia serena,
Essa terra tão pequena
Onde em criança vivi.


Ficava bem pegadinha
A uma lendária fonte
A minha velha casinha,
De branco tão caiadinha,
Situada lá no monte.


lnda me lembro tão bem
Dos passeios pela aldeia
Em companhia de alguém
Que, se me recordo bem.
Era a velha Doroteia...


Então eu ria e folgava
Com alguma criancinha;
E ainda não contava,
Nem sequer nisso pensava,
Em deixar a aldeiazinha.


Porém adeus, disse um dia
Àquele meu velho ninho;
Eu não chorava, antes ria,
Mas já tristeza sentia
Ao deixar o meu cantinho.


Voltei depois várias vezes
Para visitar os meus;
Pareciam dias os meses
E até chorava às vezes
Ao ter que dizer adeus.


E hoje quando, sozinho,
Fico triste a meditar
Que hei-de voltar ao ninho
E ficar nesse cantinho
Até a morte deixar...

 

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06-06-2018