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farol n.º 7 - mil novecentos e sessenta e um ♦ sessenta e dois, págs. 5 e 6.

Apontamentos de viagem

Carlos Cunha Dias
(7.º ano)

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A estrada continua serpenteando por entre majestosas montanhas, e à beira de abismos profundos para onde correm as águas das torrentes formadas pelo degelo. Subitamente surge diante dos nossos olhos uma planície verdejante, que a Serra Nevada cerca com as suas elevadas montanhas, gigantescas muralhas que guardam ciosamente a grande cidade que ali se ergue. É Granada, a que foi, em tempos idos, a capital de um dos mais ricos califados do Império Árabe!

Ali viveram várias dinastias de monarcas poderosos, habitando palácios deslumbrantes, ostentando um fausto e uma riqueza então raras nas cortes do Ocidente!

Ali ficou marcada profundamente a civilização muçulmana, que se manifesta não só em verdadeiras jóias de arquitectura, mas também nos bairros de casinhas brancas, cortados por ruas tortuosas e estreitas, onde circula uma multidão suja e barulhenta!

Encontramo-nos agora no alto de uma pequena colina, da qual se avista toda a cidade e onde, segundo a tradição, chorou o último rei de Granada, quando da conquista desta praça pelos Reis Católicos em 1492.

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Vamos subindo o bosque sombrio que rodeia os jardins do Alhambra. Não é sem emoção que nos dirigimos para o local, onde, a par das belezas naturais, se encontram alguns dos mais belos monumentos da civilização Islâmica. Na nossa frente ergue-se agora a enorme Porta da Justiça, trabalhada habilmente e encimada por uma mão aberta.

Entramos. Repentinamente, encontramo-nos diante de jardins maravilhosos que não parecem pertencer a um mundo real. Sucedem-se canteiros de lindíssimas flores, repuxos de estranhos efeitos, bosques sombrios e sossegados e lagos de águas límpidas onde se reflectem velhas construções árabes, vestígios de um passado cheio de riqueza e de glória.

Porém, a parte mais deslumbrante do Alhambra é o palácio, cujas salas e pátios, decorados com arabescos, nos enchem / 6 / de admiração pelos artistas que realizaram uma obra tão perfeita.

A Sala do Trono, o célebre Pátio dos Leões e as Salas dos Banhos sucedem-se, testemunhando uma arte que impressiona pela leveza e elegância.

Desejaríamos ficar indefinidamente a inundar os olhos com tantas maravilhas. Mas entardece e temos de regressar.

O sol desaparece rapidamente por detrás das montanhas fazendo faiscar os cumes cobertos de neve.

Junto às orgulhosas muralhas do Alcácer, vendedores, gritando e gesticulando, assediam os últimos turistas na ânsia de os atrair às suas lojas.

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06-06-2018