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farol n.º 6 - mil novecentos e sessenta ♦ sessenta e um, págs. 7 a 9.

A Mocidade Portuguesa nas Comemorações Henriquinas


João M. T. Barreto
(4.° ano)


INCLUÍDO no programa das Comemorações Henriquinas e constituindo parte importante delas, realizou-se em Lisboa o Acampamento Internacional Infante D. Henrique, em que o Comissariado Nacional da M. P. reuniu filiados de todas as províncias ultramarinas e continentais, com delegações da juventude estrangeira. Este acampamento, muito bem organizado, constituiu uma excelente prova das possibilidades da M. P.. Tinha como principal objectivo o aperfeiçoamento do intercâmbio da mocidade do Continente e do Ultramar com a dos países amigos, e conseguiu plenamente alcançá-lo. Viveram-se horas de óptima camaradagem que uniu especialmente todos os rapazes portugueses, mas também os brasileiros e os representantes de todos os outros países.

Os participantes do Acampamento tiveram ainda oportunidade de tomar parte em imponentes cerimónias das Comemorações Henriquinas.

O primeiro desses actos a que nos associámos foi a chegada do Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. Mais uma vez se manifestou a fraterna amizade luso-brasileira que a multidão soube exteriorizar, dispensando carinhosa e entusiástica recepção ao Presidente da República do Brasil, esse extraordinário país que pode considerar-se a obra-prima do génio civilizador português.

No dia seguinte foi a inesquecível viagem a Sagres. Quase todos os filiados de Aveiro estiveram em Sagres; uns, que tomaram / 8 / parte na guarda de honra ao Padrão, fizeram a viagem em autocarro. Por mar, a bordo do «Vera Cruz», seguiu o Comandante de Castelo Raul Geménio M. Melo e Santos.

Desse lugar nu e agreste onde o Infante se isolou com os seus cartógrafos, estudando as rotas do mar, e que veio a ser centro de irradiação dos conhecimentos marítimos da época, partiu Portugal à procura de novos mundos.

De manhã, e já com a presença dos Chefes do Estado de Portugal e do Brasil, o Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa celebrou missa e proferiu uma significativa homilia. Em seguida, foi descerrado, por um filiado da M. P. da Guiné o padrão comemorativo do 5.° centenário da morte do Infante D. Henrique.

De tarde, os dois Presidentes assistiram ao imponente desfile naval. Recordando as Caravelas do Infante, as velas brancas da «Sagres» com a cruz de Cristo, à sombra da qual se fizeram todas as nossas descobertas. Muitos outros países mandaram os seus veleiros, que contrastavam com as mais modernas unidades das Marinhas de Guerra. Ao mesmo tempo, o céu era cruzado por impecáveis formações de unidades de aviação, nacional e de países amigos.

Impressionou fortemente os nossos corações este desfile, não só pela beleza do espectáculo, mas também por constituir testemunho de respeito e admiração pelo nosso país, pequena faixa de terreno no tempo do Infante e que hoje é uma grande Nação espalhada pelo Mundo.

Assistimos também à inauguração do Monumento dos Descobrimentos, em Belém. Na pedra desse belíssimo monumento, ficará perpetuada através dos séculos não só a memória do Infante, figura que as páginas da História da Civilização Ocidental já celebram, mas também a dos obreiros anónimos da gigantesca empresa iniciada em Sagres. Estímulo para a juventude de hoje devem ser a vontade e o sacrifício enorme dessa geração de bravos marinheiros.

Como complemento do desfile naval em Sagres, desfilaram na Avenida da Liberdade contingentes das Marinhas estrangeiras. Garbosos nas suas fardas, aprumados, impecáveis, esses homens uma vez mais prestaram homenagem a Portugal e ao Ideal de Sagres, que tornou possível a descoberta de novos mundos.

 

Mas Portugal só conseguiu sair para o mar porque outra grande figura da nossa História assegurara, anos atrás, a nossa independência. Por isso, todos os anos os filiados da Milícia e da M. P. recordam a Batalha de Aljubarrota. Por ter passado este ano o 6.° centenário do nascimento do Condestável, génio militar, guerreiro e santo, as cerimónias tiveram especial brilho. A elas se / 9 / dignou assistir o Senhor Presidente da República, ante o qual desfilaram em continência a Milícia e a M. P..

Finalmente no último dia do Acampamento, para que a população de Lisboa pudesse manifestar a sua simpatia pelos rapazes de todo o território português e dos países estrangeiros, unidos no mesmo espírito de amizade e camaradagem, estes jovens desfilaram pela Avenida da Liberdade.

Voltámos com a consciência mais perfeita da grandeza de Portugal, e da responsabilidade que cabe aos novos de continuar, no futuro, um Portugal digno do seu passado.

 

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06-06-2018