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farol n.º 2 - mil novecentos e cinquenta e sete ♦ cinquenta e oito, pág. 27.

Bola de Sabão

João Carlos Paes Braga
(4.º ano)
 

...Uma janela florida, sol de Primavera, uma criança, uma bola de sabão...

Grandes olhos, cheios de encanto, seguem-na no ar...

Bola de sabão, olhos de criança...

Nela os reflexos coloridos da luz; nos seus, reflexos indecisos duma vida, que mal sentiu a dor e a quem o futuro ainda ilude.

Bola de sabão, olhar límpido, sem malícia... raio de luar perdido na intensa luminosidade do sol nascente...

A brisa, levou-a o vento, desfê-la... e tudo acabou: já não é criança!

Um sopro de Deus lhe deu vida, e os grandes olhos, os olhos alegres e despreocupados de outrora, são agora olhos tristes, magoados de quem já viveu...

Bola de sabão desfeita, inocência perdida... infância condenada ao sofrimento sem fim...

...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...   ...

A bola desfez-se, a Primavera não voltou, a criança fez-se homem e só resta o pensamento duma infância que não volta...

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Uma janela florida... sol de Primavera... uma criança... uma bola de sabão...

 

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04-06-2018