Acerca deste álbum
Este álbum e outros a
disponibilizar no espaço «Aveiro e Cultura», segundo informação de
professores de Geografia que passaram pelo Liceu de Aveiro, actual
Agrupamento de Escolas José Estêvão, existia no Gabinete ou Sala de
Geografia.
Em tempos mais recuados não
existiam as actuais tecnologias digitais ao serviço do ensino. Os professores recorriam a fotografias e imagens impressas
como forma de motivação das aulas. O aparelho mais utilizado era o
episcópio,
uma máquina de projecção fixa, que, numa sala completamente
escurecida, projectava num ecrã imagens fotográficas e também de
livros e revistas. Uma forma de arranjar material para projecção
consistia na organização de álbuns, quer por professores, como é o
caso de um de 1939 da autoria do Dr. Assis Maia, quer por alunos,
após as visitas de estudo. No caso deste, datado de 1928 e 1929, as
fotografias, em formato 11x6 cm e por vezes superior, são da autoria
de um aluno. Com o número de registo 477, este álbum possui um
razoável número de páginas, algumas já sem as fotografias ou os
recortes que lá deveriam estar colados.
Quem foi o fotógrafo e autor do álbum?
A grafia dos registos, idêntica à de uma
pessoa da família do autor deste texto, levou à procura de gravuras
que pudessem ser facilmente destacadas das folhas do álbum, na
esperança de alguma informação esclarecedora. E a pesquisa resultou.
Para surpresa e agrado, encontrámos exemplares assinados com o nome
de Henrique de Oliveira. De facto, a data coincide com o período em
que o meu pai frequentou o Liceu Nacional de Aveiro.
Infelizmente,
em nenhuma foto de grupo ele poderá aparecer. A fotografia era para
ele e para um companheiro homónimo um dos passatempos predilectos,
e, sobretudo, a forma de conseguirem algum dinheiro extra. O
fotógrafo nunca fica nas fotografias. Na época não existiam máquinas
digitais e muito menos o conceito de selfie. O companheiro
dele, de nome Henrique Ramos, dedicou-se à fotografia profissional,
em Aveiro. O meu pai, Henrique de Oliveira, prosseguiu os estudos,
matriculando-se em Coimbra na Faculdade de Medicina. A falta de
dinheiro para as propinas fê-lo mudar para um curso de apenas dois
anos e menos oneroso: o Magistério Primário. Já como professor e
director das escolas N.º 1 de Espinho, retomou, como passatempo, a
fotografia, cujo «bichinho» passou ao filho, depois de ter montado um
laboratório fotográfico na cave da escola onde vivíamos.
Noventa anos depois (1928-29 – 2019), ao
recuperarmos álbuns que estavam no Gabinete de Geografia, estávamos
longe de imaginar que viríamos a encontrar uma grafia familiar e
este álbum construído, se não na íntegra, pelo menos com documentos
contendo uma assinatura idêntica à minha.
Henrique J. C. de Oliveira -
21-2-2019
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