Biblioteca / Centro de Recursos Educativos da Escola Secundária José Estêvão - Aveiro.
 
 

Recursos Audiovisuais


    

Episcópio e epidiascópio

          Enquanto o retroprojector permite projectar com luz ambiente, estes dois aparelhos exigem o escurecimento total da sala e, além disto, necessitam de um bom ecrã, para que as imagens se tornem suficientemente claras e brilhantes.

         O episcópio é um aparelho de projecção consti­tuído por uma potente fonte de luz, um sistema óptico, formado por espelhos e lentes, um sistema de ventila­ção e um supor­te para colocação das imagens. É um aparelho que permite a projecção de imagens opacas: páginas de livros, postais ilustrados, fotografias e outros documentos. Utilizando o esquema da figura 1, vejamos como funciona. A luz, emitida por uma fortíssima lâmpada de 24 V e 250 W de potência (n.º 2), é reflectida pela superfície da imagem a projectar. Esta é colocada na parte inferior do aparelho, num suporte móvel (n.º 4), cuja mola a comprime de encontro à placa de vidro (n.º 5), que, além de manter a imagem direita, desempenha também a função de filtro de calor. A luz reflectida pela imagem é, por sua vez, reflectida pelo espelho (n.º 6) em direcção à objectiva (n.º 3), que é móvel no sentido das setas, permitindo uma foca­gem correcta da imagem projectada no ecrã.

 

Figura 1: Esquema simplificado de um episcópio.

         O episcópio tem a vantagem de projectar imagens opacas, mas os seus inconvenientes são maiores que as vantagens, fazendo com que, actualmente, tenha sido praticamente posto de parte. Além de exigir uma sala totalmente às escuras e um bom ecrã, para que as imagens ganhem brilho e recorte, o utilizador não pode projectar uma imagem durante muito tempo. Se o fizer, arrisca-se a ficar com ela amarelecida e em mau estado. E se utilizar um livro valioso, além de lhe estragar a lombada, ficará com as páginas ressequidas, onduladas, amarelecidas e quebradiças, tal como sucede quando se deixa um ferro quente de passar a roupa, durante muito tempo, sobre uma folha de papel. É que, incidindo directamente sobre a superfície opaca da imagem, o calor e a luz são facilmente absorvidos pelo papel, com as respectivas consequências.

         Os inconvenientes apontados ao episcópio obrigam o utilizador a seguir rigorosamente os conselhos que passamos a expor:

         1 - Utilizar o episcópio somente se não houver outro meio audiovisual alternativo;

         2 - Verificar se a sala se encontra em total escuridão e se existe um bom ecrã;

         3 - Colocar previamente o episcópio na posição correcta diante do ecrã e à distância conveniente, para que as imagens projectadas ocupem perfeitamente toda a superfície do ecrã, deixando o aparelho devidamente focado. A focagem faz-se deslocando o canhão da objectiva no sentido das setas (ver fig. 1, n.º 3).

         4 - Verificar se o episcópio tem sistema automático de accionamento da ventoinha. Se não tiver, o primeiro elemento a ser posto em funcionamento deverá ser a ventoinha.

         5 - Colocar a imagem no suporte e ligar a luz do aparelho. Poder-se-á pedir a um aluno para apagar a luz da sala.

         6 - Efectuar a exploração das imagens, nunca demorando mais do que 30 segundos para cada uma. Este tempo pode ser variável de acordo com o modelo do aparelho. Poder-se-á previamente efectuar uma experiência com uma folha de papel de cor escura e contar o tempo que leva a ficar alterada pelo calor da máquina. Uma folha branca, como reflecte maior quantidade de calor e luz, absorve menos temperatura, sendo por isso mais resistente à deterioração.

         7 - Uma vez terminada a sessão, desligar a luz do episcópio, deixando a ventoinha a funcionar até total arrefecimento do aparelho. Se o episcópio tiver termostato, não desligar o aparelho da tomada de corrente, para que o automático possa manter a ventoinha em funcionamento. Esta deixará de traba­lhar logo que o aparelho arrefeça.

         Todas as recomendações feitas são fundamentais. Não as seguindo, o utilizador poderá vir a sofrer alguma decepção com a utilização do episcópio[1].

         Alguns episcópios aliam à possibilidade de projecção de opacos as características do diascópio, tendo tomado o nome de epidiascópio (<episcópio + diascópio). Como é fácil de deduzir, a versatilidade do epidiascópio é maior. No entanto, repetimos o que dissemos em relação ao retrodiascópio: será preferível ter aparelhos independentes, cada um com a sua função, sendo uma má aplicação de capital a aquisição de um aparelho deste tipo.
 

    In: Henrique J. C. de Oliveira, Meios audiovisuais e tecnológicos aplicados ao ensino, Aveiro, 1992, pp. 46-49 (edição limitada do autor). 


     [1] - Há uns tempos atrás, apesar de todas as recomendações, uma professo­ra estagiária pensou que o orientador estava a exagerar, não tendo dado grande importância ao tempo de projecção. A unidade didáctica era a lírica camoniana e ela pretendia que os alunos estabelecessem uma relação entre a Gioconda, de Leonardo da Vinci, e a mulher apresentada por Camões num soneto. Serviu-se da reprodução a cores apresentada num livro de história da arte. Projectou a imagem e efectuou uma análise pormenorizada da mesma, pedindo aos alunos que observassem atentamente a imagem. No final da aula, com grande desgosto da professora, a imagem estava amarelecida e com o aspecto de queimada, bem como toda a página da obra.

            A alternativa ao episcópio, actualmente, seria a reprodução da imagem recorrendo à fotocópia a cores sobre um acetato, utilizando o retroprojector. No entanto, na altura, só existiam fotocópias a preto e branco e a sua reprodução exigia um certo tempo de antecedência de que a professora não dispunha. O único erro cometido pela professora consistiu apenas em não ter respei­tado as regras que apresentámos.

 

 

 

Cinema   -  Vídeos Didácticos  -  Registos sonoros  -   Boletins
Página anterior Página inicial Página seguinte