Ai se eu tivesse quem me ouvisse!
Ai seu eu tivesse quem me lesse!
Ai seu tivesse quem me sentisse!
Alguém sensível que compreendesse!
Do deserto, um oásis eu faria.
Podia transformar o pobre em rico.
Com palavras simples comporia,
Perfumes de jasmim, ou manjerico.
Faria brilhar a luz, na escuridão.
Levava ternura, a cada coração.
Faria soar em bela sintonia,
Notas dispersas que clamam harmonia.
Correria em cada vale, um rio
abundante,
E a terra seria o Céu em cada instante.
Faria brotar água pura do rochedo.
Acabaria já, com todo o medo.
Abriria agora todas as cadeias.
Tornava lindas as donzelas feias.
Partir-se-iam as grossas correntes.
À superfície chegariam as nascentes.
Haveria muito mel, em todas as colmeias
E, todas as arcas estariam cheias.
A tristeza transformava em alegria,
Brilharia sempre, o sol em cada dia.
Ai seu tivesse quem me
lesse...
Quanto milagre, não acontecia!
Esse alguém preciso procurar.
Vou hoje, essa busca iniciar.
Será que a minha voz deva elevar
P’ra lá longe, eco, eu encontrar?
Ou no silêncio, só falar baixinho,
E escutar os outros com carinho?