Aida Viegas, O Tempo das Delícias (poesia), Cucujães, 1999, p. 11..

Vendedora de Sonhos

Sou vendedora
De ilusões e sonhos.
Vendo esperanças
Encantos e quimeras.

Solto pregões
Em brados, pelas ruas
Estendo a voz
A todas as esferas.
Anuncio bonança
Proclamo sem cessar.
Mas convencer
Que vendo coisa boa
Pareço não lograr;

E vou ficando
Com o sonho só p’ra mim.
E fico triste
Por pensar, enfim,
Que poderia repartir
Partilhar este tesouro.
Riqueza esta
Que não tem mais fim
E vale mais, bem mais
Que o puro ouro.


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