Aida Viegas, Lampejos, Aveiro, Edições AVI, 1996, p. 36

Oh floresta!

Ninguém os pune tais assassinos
Gritam sirenes, dobram os sinos;
Donos da morte, nada os detém
Fogos deflagram aqui e além
Matando a vida, espalham pavor
Só deixam cinzas, fome e horror.
E o vento atiça forte braseiro
Lavra a revolta num povo inteiro.
Escondendo o crime, sobe o calor
Troca-se o verde p’la negra cor.
 

Fatalidade eu não aceito,
Queima-me a raiva dentro do peito.
Não me conforma tal praga imensa
Certo é que o crime a alguém compensa.
Fumo e fuligem pairam no ar
Tua alma verde querem matar.
Teu céu é fumo, queimado o cheiro
Ó floresta, és um braseiro.


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