Aida Viegas, Abandonar Angola. Um olhar à distância. Aveiro, 2002, p. 131.


Luanda

Luanda, terra quente, linda, enfeitiçada
Onde meus sonhos de mulher floresceram
Onde, em dias calmos, de paz abençoada,
Entre dor e alegria, os filhos me nasceram.
Em doce enlevo, me trouxeste enamorada,
Das águas mornas, das praias escaldantes,
Dos batuques, ouvidos na noite calada,
Ao longe, nos musseques palpitantes,
Das noites cálidas, dos dias sempre iguais,
Das acácias rubras, da tua ilha dourada.
Luanda, onde a vida tem encantos tais
Que, por quem te viu, serás sempre lembrada.

 

Feriram-te de morte, com tiros de rajada
Nos negros dias, tenebrosos, sucedidos
De setenta e cinco até agora, anos sofridos.
Mas, dessa morte, estás ressuscitada.
Deus te ajude Luanda, e te proteja
E à tua bondosa e sofredora gente,
A reerguer-se e a seguir em frente,
Altivos, fortes, de cabeça levantada.
O terra prometida, amiga e benfazeja

Ó terra de meus filhos, muito amada.!...


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