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Canto pelos cantos

 

Canto pelos cantos,

Ouvindo o bater da chuva na calçada.

Ouço o uivo do vento a gritar.

Divulgo à chuva

Os segredos mais pessoais

Do que impessoais.

Falo com a minha aura

Sobre o motivo do meu viver.

Converso com o universo

Sobre os segredos dos astros,

Que me perseguem, durante o admirável luar.

Desenho na minha folha de papel

As palavras do coração,

Ditadas pela razão.

Deixo ao meu futuro

O reagir do viver sobressaltado,

Que tenho passado.

Rejeito o conflito das percepções

Que avisto em lugares duvidosos,

Tentadores do perigo fatal.

Respondo pelos feitos

Que foram feitos, na imaginação dos outros,

Que nada tem a ver com o acontecimento.

Sobressalto-me com dúvidas puritanas,

Que resolvo durante a vida,

Percebidas com o desaparecimento da ingenuidade

Da nossa infantilidade que se isenta

Com o sábio passar do tempo.

Prevejo acontecimentos futuros

Que são contínuos do passado,

Apenas com algo modificado,

Talvez, fruto do incógnito tempo.

Peso na minha consciência

O valor e o poder da decisão

Sob a malícia do destino.


Ana Cristina, 2000

 


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