Henrique J. C. de Oliveira, Por terras de Arouca. Quatro antigas oficinas oleícolas, In: Separata da revista "Estudos Aveirenses", n.º 2, ISCIA, Aveiro, 1994.

 

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Figura 6: Corte do interior do moinho de canelas de Baixo, mostrando a mó e o raspa (raspador): 1-base do moinho; 2-mó; 3-moirão; 4-almanjarra; 5-raspa; 6-aduelas.

 

Quanto ao outro moinho - o de Canelas de Cima -, possui duas grandes mós e assenta numa base circular de pedra de formato cilíndrico, com cerca de 40 centímetros de espessura. É nesta base, sobre a qual giram as mós, que assentam as paredes do vaso, igualmente constituído por aduelas de madeira idênticas ao do outro moinho. A figura 7, que pela sua elevada nitidez dispensa qualquer esquema, permite-nos ver de que maneira está seguro o moirão. Observando essa mesma gravura, poderemos ver claramente não apenas a estrutura e os materiais de construção do edifício, mas ainda a disposição dos diferentes elementos do lagar: por detrás do moinho e encostado à parede, um pio de pedra serve para lavar a azeitona; imediatamente a seguir e ao canto, encontra-se a fornalha com a caldeira, onde são aquecidas as águas para caldear; assentes sobre as paredes, as vigas de suporte do telhado, com uma fresta ao fundo, por onde passa reduzida luz. Convirá notar que a gravura em questão dá um falso conceito do interior do lagar. Ao contrário do que a partir dela poderíamos pensar, o interior está mergulhado em profunda escuridão, o que nos levou a ter de recorrer a um artifício fotográfico para conseguirmos a iluminação apresentada. Curiosamente, as palavras do nosso informador, o senhor Agostinho Soares de Figueiredo, ilustram perfeitamente a gravura, pelo que passamos a transcrever um breve fragmento da entrevista:

«(...)  - A azeitona é deitada dentro do moinho?

- É deitada aqui dentro do bajo. Chama-s'a isto bajo. (...) Isto são as aduelas do bajo e isto é a mó. E isto é o moirão. E aquele braço é a almanjarra.  (...)


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