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Figura 6: Corte do interior
do moinho de canelas de Baixo, mostrando a mó e o raspa (raspador):
1-base do moinho; 2-mó; 3-moirão; 4-almanjarra; 5-raspa; 6-aduelas.
Quanto ao outro moinho - o de
Canelas de Cima -, possui duas grandes mós e assenta numa base
circular de pedra de formato cilíndrico, com cerca de 40 centímetros
de espessura. É nesta base, sobre a qual giram as mós, que assentam
as paredes do
vaso, igualmente constituído por aduelas de madeira idênticas
ao do outro moinho. A figura 7, que pela sua elevada nitidez dispensa
qualquer esquema, permite-nos ver de que maneira está seguro o moirão.
Observando essa mesma gravura, poderemos ver claramente não apenas a
estrutura e os materiais de construção do edifício, mas ainda a
disposição dos diferentes elementos do lagar: por detrás do moinho
e encostado à parede, um pio de pedra serve para lavar a azeitona;
imediatamente a seguir e ao canto, encontra-se a fornalha com a caldeira, onde são aquecidas as águas para
caldear; assentes sobre
as paredes, as vigas de suporte do telhado, com uma fresta ao fundo,
por onde passa reduzida luz. Convirá notar que a gravura em questão
dá um falso conceito do interior do lagar. Ao contrário do que a
partir dela poderíamos pensar, o interior está mergulhado em
profunda escuridão, o que nos levou a ter de recorrer a um artifício
fotográfico para conseguirmos a iluminação apresentada.
Curiosamente, as palavras do nosso informador, o senhor Agostinho
Soares de Figueiredo, ilustram perfeitamente a gravura, pelo que
passamos a transcrever um breve fragmento da entrevista:
«(...) - A azeitona é deitada dentro do moinho?
- É deitada aqui dentro do
bajo. Chama-s'a isto
bajo. (...)
Isto são as aduelas do bajo e isto é a mó. E isto é o
moirão. E
aquele braço é a almanjarra. (...)