3 - OS LAGARES DE CANELAS
Na freguesia de Canelas, concelho
de Arouca, visitámos, nos primeiros dias de Outubro de 1969, os dois
antigos engenhos aí existentes. Ambos apresentam características
praticamente idênticas, pelo que os iremos analisar em conjunto.
Figura
3: Aspecto exterior do lagar de Canelas de Cima, no concelho de
Arouca.
O primeiro lagar visitado, situado
em Canelas de Baixo, pertence ao senhor Agostinho Soares de
Figueiredo, que era o
mestre do lagar e com quem tivemos uma longa
entrevista. Segundo apurámos na J. N. A., em Coimbra, mantém ainda válido
o alvará. O segundo, situado no lugar de Canelas de Cima, pertencia,
até 1969, ao senhor Maria Soares de Andrade; em 1973, passou para a
posse de Artur de Andrade Pinto; em 1979, foi dado como cancelado.
De estrutura e construção muito
semelhantes, os dois lagares apresentam-se, exteriormente, bastante
toscos e rudimentares. Dificilmente os identificaríamos como tal se
neles não tivéssemos entrado. De plano rectangular, as paredes são
formadas por pedras sobrepostas, sem qualquer argamassa de ligação.
Os telhados são constituídos por grandes placas de ardósia, já que
este material é abundante na região. Os fumos da fornalha e os
vapores saem por uma estreita abertura no telhado, como se poderá ver
pela fotografia exterior do lagar de Canelas de Cima, figura 3.
Interiormente, a luz é
extremamente reduzida. Além da porta principal, larga para permitir a
entrada dos carros de bois, existe apenas uma janela. Para cúmulo, no
caso do lagar fotografado, esta encontra-se rodeada de trepadeiras,
reduzindo ainda mais a entrada da luz. Só assim se compreende que,
mesmo em pleno dia, houvesse necessidade de iluminação permanente
por meio de candeias de azeite.
A azeitona é trazida em carros de
bois pelos próprios fregueses e, depois de lavada, é deitada no
moinho, situado perto da entrada. Em ambos os lagares, os moinhos são
movidos por tracção animal, por meio de bois. Embora muito
semelhantes, apresentam, no entanto, certas diferenças, como iremos
ver.