Sobre uma foto do Colégio de Pombal

O tempo. O depredador.

Olho este retrato efémero;

mais de cinquenta anos

passaram sobre ele

sem o beliscar:

toda a carga emocional

do instante do clic,

imagem e memória, coincidentes  

e justapostas à essência

dos vivos e mortos ali retratados

sem que alguém se atreva apagar!!!

Só o tempo, esse mesmo tempo,

o carrasco da graça e da formosura,  

tudo devorou, com desamor,

fora do retrato,

deixando a tristeza e o desespero

a preencherem o vazio da distância.

Olho o retrato, inquieto,

fixando-me nele;

sinto o tempo a regredir

na evanescente espuma

da mítica nostalgia

da perpétua juventude

abrindo em radioso esplendor  

e alumiando a minha lucidez

postada na ponte da distância.


                                 Manuel Barreiro, 2008
 

 

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09-07-2024