RECORDANDO...

DR. ALBERTO SOUTO

"Môlho de Escabeche excede o amadorismo no teatro musicado português. Os cenários majestosos, as coristas formosíssimas, a música lindíssima, as marcações do melhor que se pode ver nos teatros portugueses, o guarda-roupa riquíssimo, o conjunto maravilhoso! Algumas das suas cenas são bocados de ópera intermeada de música ligeira e episódios populares, mas a jovialidade e a popularidade não lhe diminuem a grandeza da expressão artística".

«O Grupo Cénico do Clube dos Galitos, honrando as tradições teatrais da cidade e as suas próprias tradições, realizou na segunda-feira última a récita inaugural da fantasia regional "Môlho de Escabeche" há muito anunciada e ansiosamente esperada.

O Teatro Aveirense foi nessa noite, inolvidável da première, uma janela aberta sobre a beleza da Vida!

A alegria da nossa terra, da nossa mo­cidade, do nosso céu, entrou por ali às lufadas e, por momentos, reanimou as almas, inspirou-nos fé, rejuvenesceu e aliviou os nossos corações opressos.

O milagre deve-se a António José Fla­mengo — autor da peça, ensaiador, realizador, actor ele mesmo, a quem cabe o maior quinhão da glória; a João Lé, um maestro que sabe música e faz música, porque tem inspiração e sabe reger uma orquestra e dirigir a parte musical de um espectáculo daquela responsa­bilidade; e ao Dr. Luís Regala que, no manejo das leis e nas lides do fôro, não perde de vista a musa que lhe inspira versos, que são versos e que muito valorizam a obra concebida e mu­sicada pelos outros dois autores.

O trabalho dos maquinistas, das montagens, dirigido por Belmiro Amaral, e da luz, e de todos os auxiliares, completou o conjunto, contribuindo para o brilho da festa, que foi em Aveiro, e seria em qualquer cidade portuguesa, um verdadeiro acontecimento.

 

O notável conjunto artístico de amadores aveirenses criou um nome no País. A sua fama excede já os limites da terra e o âmbito das curiosidades e das diversões meramente locais. "Môlho de Escabeche" não morre em Aveiro. Sairá daqui para o grande público de Lisboa e outras cidades.»

 

 

  Página anterior Índice Página seguinte