As comemorações do 140º aniversário da Associação
Comercial de Aveiro (ACA) foram celebradas com um ciclo de conferências
que tiveram início na passada segunda-feira e terminaram ontem. Três
dias dedicados ao debate da situação do comércio e do comerciante que
culminou com um espectáculo de música clássica, que teve como palco o
Teatro Aveirense. No último dia, Manuel Ferreira Rodrigues apresentou o
seu livro «A Fundação da Associação Comercial de Aveiro e o Estado da
Barra em Meados do séc. XIX»), acenderam-se, pela primeira vez este ano,
as iluminações de Natal e inaugurou-se a exposição de fotografia «Aveiro
Comercial 1858-1998».
«O Papel do Comércio na Configuração dos Espaços Urbanos
−
Uma Perspectiva Histórica, Uma Perspectiva Futura» foi o tema tratado
por Manuel Ferreira Rodrigues, que realçou a importância do comércio no
desenvolvimento das cidades. A Associação Comercial de Aveiro, «nasceu
num contexto muito específico; num contexto local, nacional e
internacional que foi o da adesão da região de Aveiro e do país, a um
desenvolvimento moderno, e foi um instrumento de afirmação, um mecanismo
de pressão sobre o Estado e o poder político.» Tendo sido durante
décadas o viveiro do poder económico e do poder político da região
aveirense, a partir da década de 1930, «ter-se-á passado qualquer coisa
que lhe tirou o brilho, a importância». Manuel Rodrigues terminou a sua
intervenção explicando a importância do comércio no desenvolvimento das
cidades, afirmando que «o comércio é, por natureza, a mais urbana das
actividades.»
José Mesquita tratou da questão: "Comerciante: O Empresário de hoje". Na
sua intervenção, explicou as formas que o pequeno comerciante pode
utilizar para ultrapassar os seus problemas, de como pode obter apoio
financeiro e da importância da ACA para todos os comerciantes. José
Mesquita salientou, ainda, a necessidade de se tornarem mais flexíveis
os apoios financeiros, «porque as decisões de financiamento nem sempre
chegam no momento certo."
"A formação como factor decisivo" foi o tema que Lucinda Gonçalves,
coordenadora do Centro de Formação Profissional para o Comércio e Afins
(CECOA
−
Delegação do Porto), escolheu para a sua intervenção. No entanto, nem
todos os comerciantes estão sensibilizados para esta realidade; por
isso, afirmou Lucinda Gonçalves, «a formação tem que ser encarada como
um meio e um instrumento para alcançar os objectivos de competitividade
no comércio». A formação é, defendeu ainda a coordenadora do CECOA, «um
factor de qualificação e diferenciação que transforma o comerciante em
empresário.»
O Cartão do Futuro
A Associação Comercial de Braga e o Centro Tiendas
España estabeleceram um Protocolo de Cooperação para a implementação do
projecto CentroLojas Portugal. Os objectivos desta iniciativa são a
defesa dos interesses do Comércio Tradicional e o seu desenvolvimento
face às grandes superfícies. Numa época em que se verificam grandes
transformações nos hábitos de compra, e em que aparecem novas formas de
consumo, é preciso fomentar outras práticas comerciais. Por isso, o
Cartão de Crédito CentroLojas constitui um importante instrumento para o
Comércio Tradicional como meio de recebimento, e um cómodo meio de
pagamento para os seus clientes. «Este novo cartão permite comprar a
crédito, nos estabelecimentos aderentes à CentroLojas de todo o país, e
pagar em três meses, sem qualquer juro ou custo adicional», explicou
Patrícia Caño. São neste momento cerca de 33 as Associações que aderiram
a este projecto. A associação Comercial de Aveiro assinou o protocolo a
26 de Setembro e já aderiram a este projecto cerca de 100 lojas.
Comércio Electrónico: a Realidade Futura
Os novos canais de informação exigem que os comerciantes
se ajustem às novas realidades tecnológicas. Segundo explicou Paulo
Castelo Lopes, «o comércio electrónico tem potencial para aumentar a
competitividade e a eficiência das empresas abrindo novas perspectivas
de negócio.» Com a introdução da moeda única, o comércio electrónico
trará às empresas novas oportunidades, «permitindo-lhes pensar em
mercados até agora inacessíveis.» Neste sentido, a Confederação do
Comércio e Serviços de Portugal apresentou ao PROCOM o "Projecto
Mercúrio", propondo a criação de um espaço de acolhimento na Internet e
o desenvolvimento de infra-estruturas de suporte ao empresário do
comércio e serviços. Este projecto, «com um investimento total na ordem
dos 650.000 contos, dará alojamento e usufruto das suas infra-estruturas
a acerca de 3.050 empresas e 100 associações no decorrer de dois anos e
meio». O objectivo último deste projecto é o de proporcionar às
associações e empresas a possibilidade de se familiarizarem, sem
quaisquer custos, com as potencialidades das novas tecnologias da
informação e da comunicação.
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