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uma das perolas da galeria. No
compartimento central, sobre fundo tocado de oiro a Virgem coroada e
com o crescente sob os pés, cercada de seis anjos de longas azas,
subindo á gloria, onde a recebe em doce amplexo, o Padre Eterno. Nos
encasamentos, duas figuras de santos deliciosamente pintados,
vestindo um, uma rica dalmatica. Fechado, representa a Anunciação; a
Virgem, de pé tendo nas mãos um livro aberto recebe a visita do anjo
que impunha um sceptro, envolto numa fita em que se lê em caracteres
gothicos – Ave gratia plena. Outra perola é o S. João Evangelista. A
suavidade da luz, a elegancia do porte do «discipulo amado», o fundo
de architectura com colunas romanas jaspeadas de vermelho e os
longes de fina paisagem definem perfeitamente o tipo Frei Carlos.
Nossa Senhora das Neves assim chamada, quando o titulo que melhor se
lhe podia aplicar era o de Nossa Senhora do Leite. Ocupa o retabulo
de madeira pintada que se encontra ao centro da parede, lado poente.
Foi vandalicamente repintada em tempos idos, graças ao seu realismo,
mas o Menino está intacto. A Virgem sentada sobre um cochim de
brocado, oferece o seio ao Filho, que tem no regaço.
Quatro quadros em caixilhos de talha dourada, dos meados seculo
XVIII, pintura quinhentista a saber: Ecce-Homo, Senhor da cana-verde.
Boa pintura, talvez de Leoni, pintor da escola venesiana. Santa
Catarina, e a figura dum imperador. A santa em trajes de princêsa do
seculo XVI empunha um montante de guerra tendo ao lado a roda do seu
martirio.
Nossa Senhora do Rosario. A Virgem toda concentrada no carinho do
tenro filho, que tem em pé sobre os joelhos, dá-lhe nas pontas dos
dedos um ramo de madre-silva. Esta pintura é de todas as do museu a
que mais denuncia a influencia da escola italiana. Princêsa Santa
Joana; dêste quadro escreveu ha anos o distintissimo critico de
arte, Sr. Joaquim de Vasconcelos.
«Essa unica obra, o retrato da princêsa, vestida com todo o
esplendor da côrte, mas triunfante sobretudo pela sua ideal belesa,
vale uma viagem a Aveiro. E' um encanto! Foi gravado no principio do
seculo XVII, em Flandres, por Boutats habilmente, mas com pouca
fidelidade, e parece não ter sido reconhceido até hoje (1895) na sua
importancia capital como pintura coeva, intacta, facto que terá de
ser comprovado com razões intrinsecas e tecnicas».
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Da mesma epoca dos gothicos é sem
duvida uma iluminura em pergaminho, agora emuldurada em modesto
caixilho pintado e
dourado, e que durante muitos anos esteve colada no ante rosto dum
antigo livro de coro a que manifestamente não pertencia. Constitue
dois quadros, ambos cercados pela mesma tarja formada por a folhas
de cardo estilisadas. No primeiro Magdalena, Marta e Maria tendo
cada uma delas um vaso de perfumes; no segundo Cristo resuscitado,
empunhando uma cruz. Dois anjos erguem a pedra do tumulo, ao pé
soldados adormecidos.
De data mais recente, isto é, já dos seculos XVII e XVIII, há tambem
alguns quadros interessantes.
Em retumbante moldura de talha dourada, sustentada por dois anjos,
estilo baroque, Cristo Morto. Ao centro a Virgem com as mãos encalvinhadas debruça-se angustiosa sobre o cadaver, á direita S.
João Evangelista segura o lençol mortalha e a corôa de espinhos, no
lado fronteiro a Magdalena com os braços crusados no peito, tendo
junto de si o vaso dos perfumes, contempla chorosa os pés de Jesus.
Nossa Senhora e Menino. A virgem toucada de flores contempla o
Menino que, sorridente, tem deitado nos braços. Esta pintura não é
das de somenos valor do Muzeu. Santa Quiteria. Com a mão direita
afaga a cabeça dum podengo e na esquerda segura uma palma, simbolo
do seu martirio. Cristo deposto da cruz. Junto da cruz a Virgem com
o cadaver de Cristo no regaço, desfalecida, é amparada por uma das
santas mulheres; S. João, sobreerguendo um dos braços de Cristo,
mostra á Madaglena a chaga que este tem na mão esquerda.
Mater dolorosa. – Não obstante o punhal que tem cravado no peito, simbolo do sofrimento produzido pelo espetaculo do Calvario, a
Virgem mostra-se inabalavel, estatica e serena.
Fr. Miguel de S. Jeronimo. – E' o retrato dum frade carmelita morto,
sobre cujo cadaver mão amiga espalhou algumas flores.
Anunciação de Nossa Senhora. – A' esquerda o archanjo S. Gabriel, á
direita a Virgem de joelhos deante dum genuflexorio; na parte
superior o simbolo do Espirito Santo.
Dois quadrinhos em cobre, caixilhos de madeira acharoada e molduras
de tremidos, representando um, a Princeza Santa Joana, com habitos
de freira dominica, tendo em baixo os escudos de Portugal e de
França; e o outro Santa Barbara no meio duma orla de flores.
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