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Capela da Senhora de Penha de França
Na mesma povoação, do lado esquerdo da
frente da fabrica, e formando quadrado, está a magestosa capela
consagrada á Virgem de Penha da França, fundada pelo bispo de
Miranda D. Manuel de Moura Manoel, ignorando-se o ano em que foi
mandada edificar, parecendo, todavia, que seria já depois de ser
bispo, no seculo 17. Tem bons azulejos no corpo principal da capela
e excelentes pinturas a fresco no tecto.
O retabulo e altar da capela-mór são
trabalhos primorosos em fino marmore de ltalia. O trono é de talha
dourada representando uma montanha. Na base uma gruta que representa
o nascimento de Cristo. Na capela-mór do lado direito, está o tumulo
do bispo, em pedra. E' obra de grande valôr, devido ao cinzel de
Claudio de Laplade. Sobre tres leões, de farta juba, assenta a urna
funeraria, que encerra as cinzas do fundador. No centro da urna,
levantado em alto relevo, está um escudo oval partido, com as armas
dos Mouras Manoeis, tendo por timbre um chapeu episcopal. Sobre ela
está a figura do bispo. meia deitada, e de vestes prelaticas, com a
mão esquerda sobre o peito e a direita estendida, como que apontando
para a figura do Tempo, em alto relevo, que está ao fundo sobraçando
o pano mortuario que deve cobrir o sarcofago.
Em frente do mausoleu está gravada, em
marmore, uma inscrição latina. E' o epitafio laudatorio do prelado,
tendo a data de 1697, parecendo assim ter sido feita em sua vida.
Fronteiro a este tumulo está um outro,
mais modesto, sendo obra do mesmo artista. Sobre uma urna funeraria
está sentada uma figura de mulher, sustentando na mão esquerda um
baixo relevo, representando uma cabeça de freira, como alusão á vida
claustral que o bispo desejava que sua filha D. Theodora seguisse.
Ao lado, na parede. está uma grande
lapide ele marmore branco, tendo gravada uma inscripção latina,
compreendendo 75 linhas.
Eis a rapidos traços os dois templos
mais importantes da Vista Alegre – o templo ele Deus e o templo da
arte e da industria – fundados num local cujo nome lhe advem de
estar recostada sobre uma colina, na margem da ria, que lhe banha os
pés e em cujas cristalinas aguas se mira vaidosa, ufanando-se dos
campos que em volta verdejam.
Ilhavo – Dezembro.
Manuel Ferreira da Cunha.
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